GRITOS QUE SILENCIAM
(Sócrates Di LIma)

Ouvia-se sons de portas batendo,
Gritos horiveis...
- Chega...
- Não aguento mais...
- Socorro...
E ninguém se importava.
Ouviam, mas diziam:
- "Em briga de marido e mulher não se mete a colher".,
Novos sons de horror,
Ela gritava e ele batia.,
Quanto mais ela esperniava,
Ele a sacrificava.
E ninguem se importava.
Havia na Depol, vários B.Os.,
Mas, nenhuma providência tomada.
Era noite,
Os gritos se confundiam com os ruidos das ruas,
Na calçada, transeuntes perdidos,
Bêbados,
Drogados,
Prostituição infantil,
Negros surrados,
Homos espancados,
Crianças sem berços,
Nas drogas da vida.
E ninguem se importava,
Nada se fazia,
Olhos amedrontados viam pelas janelas,
Mas, ninguém se atrevia...
Um ou outro ligava no 190,
E a resposta,
- Isso é rotina, aguarde que iremos checar.
O tempo passava,
Nada se fazia,
A policia não chegava.
E no quarto gritos se ouviam,
Crianças choravam....
A revolta emergia,
Mas, ninguem se importava.
Já não era mais gritos de tapas,
Mas, de carne sendo rasgada,
Desossada,
Esquaratejada...
Silêncio....
Um vullto correndo pela calçada,
Crianças amedrontadas,
Filhos da violência nua e crua....
E ninguem se importava...
A policia chegou,
Duas horas mais tarde.,
A porta foi ao chão,
E ao lado do colchão,
CRianças assustadas,
E um corpo estendido,
Desfalecido...
Esquartejado,
Um mar sangue,
Que pintava o quarto,
E sujava as botas dos policiais...
Era um corpo de mulher,
Que gritou, pediu socorro e ninguém quis ouvir...
Era mais uma vítima da violência do lar,
Um grito surdo...
Um grito mudo.,
Mais uma mulher,
Cujo companheiro a silenciou.,
Só porque ela não tinha forças para reagir,
Só porque ninguem a quis ouvir,
Só porque era mulher....
...E o seu ofensor deixou para traz
a arma do crime,
e deixou o distrito da culpa,
fugindo do flagrante delito,
sem a devida punição.



 
 
 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 20/07/2010
Reeditado em 06/03/2018
Código do texto: T2389411
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