BOAS OBRAS QUE OCULTA O MAL
BOAS OBRAS QUE OCULTA O MAL
Quantas pessoas no dia-a-dia, fazem coisas boas, dignas de serem notadas, elogiadas e até serem seguidas, são verdadeiros exemplos. Pessoas empreendem grandes obras, realizam grandes projetos. Mas, nem tudo que é bom é para o bem! É nesta encruzilhada que as motivações se apresentam para separar o mal do bom.
Segundo o dicionário, bom é o benévolo, bondoso, benevolente. Ex: ter bom coração, ser caridoso, amável, etc. Todos esses adjetivos (qualidades) são de fundamental importância para o ser humano. Verdade tem de ser dita, o homem que não tem o seu caráter formatado nessas qualidades, precisar ser urgentemente recuperado. Mas todas essas qualidades poderão ser usadas para praticar o mal. Ainda que, o bom seja feito, a intenção no fazer o que é bom, em muitas circunstâncias, oculta o mal, que está nas intenções, nas motivações. Portanto, por trás da bondade, das boas ações; poderá esconder o mal. Como existem boas ações escondendo o mal!
No Evangelho de Lucas, Jesus conta a parábola do filho pródigo. A história contada por Jesus, narra os dissabores de um pai com os seus filhos. O mais novo pede a parte da herança que lhe pertence e vai embora gastar com meretrizes e prostitutas. O segundo filho fica em casa cuidando dos bens do pai, que por sua vez também são os seus bens. O filho mais moço, decepcionado com a vida dissoluta, cai em si, e volta à casa paterna. Para a surpresa do pai, o filho que ficou em casa, cobrava do pai uma atenção, por causa da sua obra, a sua boa ação em ficar em casa cuidando da propriedade do seu pai. No entanto o Pai da parábola, não se empolga com o argumento de boas obras do filho, aparentemente fiel. Ninguém pode se apresentar diante de Deus com a bondade nas mãos. Deus chama o homem para Si mesmo, o sumo bem. Qualquer bondade tem algum valor se aprendida de Deus; nunca para apresentar-se a Deus com algum mérito.
A compra de ambulância, para servir o cidadão, que depende da saúde pública, é uma ação excelente! Mas, por trás desta boa ação está o mal. O mal se esconde, debaixo de ações nobres! Quantas passeatas de ambulâncias tocando sirene, para chamar a atenção da população foram feitas no interior deste país; proclamando ações bondosas e humanitárias dos nossos governantes. Mas o que estava atrás do bom? O mal! O mal se esconde no caráter do ser humano. O mal sobrevive não nas ações, mas no interior da alma humana. Aquilo que a Bíblia chama de natureza adâmica. A inclinação para os interesses próprios, para o conforto pessoal, ainda que esses interesses estejam escondidos em filantropia, caridade etc. Estas coisas estão abaixo da linha de fundo, o mal não é visível imediatamente, pois ele existe nas motivações e se revela nas ações, posteriormente (a posteriori).
O bem celebra as virtudes do ser; por isso o bem fala do ser, não do fazer ou do ter. O Evangelho traz ao homem em primeira instância uma proposta de mudança no ser. Por que no Evangelho de Cristo, fazer o bom é uma conseqüência de ser do bem; nunca apenas fazer o que é bom. Cristo chama o homem, para um novo nascimento (Necessário é nascer de novo João 3.). Para fazer o bem, precisa-se de uma transformação interior, na sua essência, no espírito. O cristianismo não é uma religião de ritos. Não há possibilidade de ser do bem através de ritos; todos os ritos ou sacramentos no cristianismo revelam uma transformação acontecida no interior do homem, anterior ao rito. Após a transformação interior, vem o rito, vem o sacramento. Batizar um não transformado pelo Evangelho e banhar um pecador, que ainda não se arrependeu dos seus pecados; mesmo que ele ainda se ache uma boa pessoa, e na maioria das vezes, confirma a sua bondade. A fé bíblica diz que o homem é salvo pelo bem que Deus é em Si. Porque, Deus na sua essência não faz ações que não seja amparada pela sua essência que é o bem. Deus é amor. O amor é paciente, é benigno, não busca seus próprios interesses (“Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu filho unigênito, para todo aquele que Nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3.16.). A fé cristã é constituída de valores, moralmente do bem e não apenas do que é bom. Deus não se empolga com aquilo que o ser humano pode fazer, mas Ele chama o homem, para receber o que ele fez . C S Lewis disse: “Eu sou cristão, não porque o cristianismo é a religião mais agradável, mas porque ela é a moralmente correta”. Jesus disse: “Quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha” (Mt 7.24-25). A orientação é para construir a vida em Cristo, nos seus valores, no seu ser, que é o sumo bem, Ele é a rocha, o alicerce, para a construção da vida. Ser edificado Nele, é o começo de uma vida do bem, e não apenas uma vida na pratica do que é bom.
Pratiquemos o que é bom, não para agradar a Deus, mas como conseqüência de um encontro pessoal com Ele que é o sumo bem. Aí sim! As motivações serão saudáveis; não porque são boas, mas porque são do bem.
Um abraço fraterno.