A garota e o rapaz
Ah não, essa menina não aceita mais viver em vão! Viver sem ter por quê é padecer, é sobreviver, não é ter vida – e ela não sabe (nem quer!) ser mais assim. Pois ser assim é ser menos, ser menor – e diz a ele, diz ao menino que bagunçou seu cabelo e a chamou pra vida, diz pra ele que assim não dá mais: assim não pode ser.
Nem deve! Os dias têm sabor diferente agora. A sorte chegou e ela então passou a ganhar nesse tal de Jogo da Vida. Ela aprendeu a sorrir e a cantar. Ele? Ele não foi também mais o mesmo. Passou a sonhar. Quem diria o que dirá? Quem te ouviu, quem te lê!
Pelo agora, pelo outrora, pela noite, a chuva e o amanhecer: já não há outra razão, não tem outro querer: ele quer ver, quer sentir, quer comover.
Não se diz promessas, se declamam em silêncios, sussurros gentis, sorrisos bobocas, serenes, cúmplices de harmonia.
A moça do colar da borboleta, o garoto do adidas preto. A garota do sorriso de uma vida, o garoto que sorri no sorriso da garota que sorri o sorriso de uma vida. Assim vão, assim caminham. Ah, sim, esse garoto não aceita mais viver em vão!
À garota e o rapaz, tanto faz não satisfaz, querem mais, querem amar, querem cais, querem a paz que estar em par os traz!