Estrela

Há uma estrela lá longe. Ela brilha e nem sabe disso. Ela não sabe porque não precisa. Essa estrela gosta de brincar e de vez em quando se transveste de Lua só para ser aquecida pelo Sol, iluminar os incautos namorados ou surpreender a todos se escondendo atrás da Terra.

Ela ainda lembra como esta simples brincadeira, que cientistas renascentistas traduziram em movimentos previsíveis, encantavam povos e os aproximavam do amor e do temor à Natureza.

E ela gostava de ver esta aproximação porque ela entende que se nada é real, só as forças da Natureza permitem criar a ilusão. E quanto mais perto das forças essas pessoas se encontravam, mais o brilho desinteressado da estrela se perpetuava no tempo.

Ela gosta da sensação de ser estrela. Enquanto perto dela, tudo parece sumir, reina apenas ela nos céus de quem a vê sem sentir. Ela é solitária, não tem planetas, nem os quer; não quer ser Sol. Ninguém a toca, ninguém se aproxima.

Mas ao nos afastarmos dela, suas amigas estrelas aparecem ao seu lado e ela quase some dentro de uma multidão. E ela é feliz assim. Ela sabe que não é nada de especial nesta constelação, mas nós sabemos que se ela sumir ou se apagar, um vazio há de ficar.

Vamos cuidar dela sem ela saber... vamos nos aproximar das forças da Natureza, vamos amar e ser parte da Natureza para amar e ser parte desta estrela sem ela saber ou se preocupar.

Deixemos a estrela apenas brilhar e brincar.

George Wootton
Enviado por George Wootton em 19/07/2010
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