Um Dia Prá Vadiar
Hoje estou de folga. O dia está nublado. Acordo cedo por força do hábito, porém permaneço um pouco mais enrolado, debaixo do edredom. Logo, meus filhos pulam na minha cama. Entre os sorrisos e cafunés dos rebentos, brindo a manhã. São momentos de pura magia.
Um bem- te- vi canta na sacada da varanda. Da cozinha vem o cheiro de café recém coado. Após um delicioso desjejum, leio o jornal, iniciando como sempre pela leitura das crônicas. Depois deito na rede da varanda e ouço minhas músicas preferidas. Grande parte da cidade ainda dorme. Nas ruas, algumas poucas pessoas caminham distraídas com seus cães, outras, seguem para a padaria. O tempo passa num piscar de olhos. Logo chega a hora do almoço. Saboreio uma deliciosa moqueca. Depois tira uma sesta.
À tarde, pego minha bicicleta e sigo para pedalar no calçadão, na orla da praia. De repente começa a chover. Entro numa Livraria & Revistaria. Pego um livro de poesia e uma cerveja Bohemia. Sento numa mesa com “jogo americano” com imagens de cenas de cinema. O cão do proprietário da loja, lambe as minhas pernas. Perdido em meus pensamentos, recordo as tardes azuis de lua, ao desenhar fantasias, nas curvas, linhas e avenidas da mulher madura. Lembro - me de um citação garimpada do blog de Fabrício Carpinejar: “Memória com desejo é saudade. Memória sem desejo é lembrança.” Neste momento um homem idoso entra, liga a televisão e mexe nas estantes. Com o barulho desperto dos meus devaneios. Volto a leitura. Releio os versos dos “Cem Sonetos de Amor, de Pablo Neruda. O entardecer chega mansamente. Quando a noite me abraça, rezo para novamente sonhar com mais um dia de folga.