Eu queria poder te cantar sem canções
Certa vez, eu conversava com os meus irmãos, durante um almoço em família, sobre vários assuntos e os perguntei o que eles destacariam se pudessem escolher uma música que representasse suas biografias.
Quase que em uníssono, eles disseram que seriam várias canções que poderiam retratar os vários momentos de suas vidas e trataram de discorrer algumas, desde aquelas músicas regionais que retratavam a infância e adolescência no interior paranaense, quanto algumas músicas que representaram suas juventudes e descobertas.
Para minha surpresa, no dia seguinte, estava assistindo um seriado de tevê, chamado Glee, e era um episódio onde o professor estimulava os alunos a expressarem o que sentiam através de canções.
Tinha a aluna que estava vivendo um momento de amor platônico, daqueles típicos de adolescência. Tinha o aluno que não queria namorar a colega de clube, mas ao mesmo tempo, não queria magoá-la e até o professor que estava dividido em algumas paixões.
Essa oportunidade nos é dada. Temos a capacidade de escolher a trilha sonora de nossas vidas e expressarmos o que estamos sentindo em canções. Por isso, eu cito algumas canções que fazem/fizeram parte da minha vida:
“Ouvi dizer que são milagres noites com sol. mas hoje eu sei não são miragens noites com sol. Posso entender o que diz a rosa ao rouxinol. Peço um amor que me conceda noites com sol. Onde só tem o breu vem me trazer o sol, vem me trazer amor. Pode abrir a janela, noites com sol e neblina, deixa rolar nas retinas, deixa entrar o sol. Livre será se não te prendem constelações, então, verás que não se vendem ilusões, vem que eu estou tão só, vamos fazer amor, vem me trazer o sol, vem me livrar do abandono, meu coração não tem dono, vem me aquecer nesse outono, deixa o sol entrar”. (Flávio Venturini – Noites com Sol)
“Disparo contra o sol, sou forte, sou por acaso, minha metralhadora cheia de mágoas. Eu sou um cara cansado de correr na direção contrária, sem pódio de chegada ou beijo de namorada, eu sou mais um cara. Mas se você achar que eu tô derrotado, saiba que ainda estão rolando os dados porque o tempo não para. Dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão da caridade de quem me detesta... Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades”. (Cazuza – O tempo não para)
“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas como um mar num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora, há tanta vida lá fora, aqui dentro sempre como uma onda no mar”. (Lulu Santos – Como uma onda)
“Ei, dor! Eu não te escuto mais, você não me leva a nada. Ei, medo! Eu não te escuto mais, você não me leva a nada. E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou”. (Jota Quest – O Sol)
Mas, se me perguntassem, hoje, que música eu cantaria para expressar meus sentimentos, talvez essa fosse a que mais se adequasse:
“Vocês esperam uma intervenção divina, mas não sabem que o tempo agora está contra vocês. Vocês se perdem no meio de tanto medo de não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender e vocês armam seus esquemas ilusórios, continuam só fingindo que o mundo ninguém fez. Mas acontece que tudo tem começo, se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês. E as ameaças de ataque nuclear? Bombas de nêutrons não foi Deus quem fez. Alguém um dia vai se vingar, vocês são vermes, pensam que são reis. Não quero ser como vocês, eu não preciso mais, eu já sei o que eu tenho que saber e agora tanto faz...” (Fátima – Renato Russo)
Mas, em algum momento de minha biografia, eu quero ter a felicidade de cantar:
“Meu coração sem direção, voando só por voar, sem saber aonde chegar, sonhando em te encontrar. E as estrelas que hoje eu descobri no seu olhar, as estrelas vão me guiar. Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim, talvez não visse flores por onde eu vim, dentro do meu coração. Hoje eu sei, eu te amei no vento de um temporal, mas fui mais, muito além do tempo do vendaval, nos desejos, num beijo que eu jamais provei igual e as estrelas dão um sinal”. (Hebert Viana - Se eu não te amasse tanto assim)
A música pode ter vários significados em nossas vidas e parafraseando a composição de Paulo Sérgio Valle, Tavito e Ney Azambuja: “A vida tem sons que pra gente ouvir, precisa aprender a começar de novo. É como tocar o mesmo violão e nele compor uma nova canção. Que fale de amor, que faça chorar e que toque mais forte os nossos corações”.