Por amor ao passarim
1. Pus os olhos no jornal e vi uma graúna que me parecia feliz e agradecida. Não foi difícil descobri-la, pois, ela ocupava a primeira página do matutino com o qual me encontro, todas as manhãs, mal deixo minha redinha cearense, confidente de muitos dos meus santos e pecadores sonhos...
2. Com os primeiros raios do sol ou com a brisa fria das preguiçosas auroras de inverno, ou seja, chova ou faça sol, esse jornal chega-me às mãos, pondo-me a par do que está acontecendo nos quatro cantos da Terra; o que nem sempre é uma boa. Talvez fosse melhor permanecer imerso nos meus devaneios; distante de tudo.
3. A chuva caía indômita sobre Salvador. De repente, um prédio de um bairro proletário começou a desabar. Estabeleu-se o pânico entre os seus humildes moradores.
4. Presa à parede de um dos apartamentos prestes a ruir, estava uma gaiolinha com uma graúna saltitante.
5. Vendo que o pássaro podia morrer, um morador de um do edifício em desgraça correu para salvá-lo.
Em fração de segundo, boa parte do pequeno edifício veio abaixo e o morador afoito sumiu com a graúna nos escombros, envolto por uma densa cortina de poeira.
6. Dirá o leitor: morreram ele e o passarim.
Pasmem! Depois de soterrados por mais de quatro horas, seu Helcy e o pássaro sobreviveram! Retirado de um buraco, o morador foi aplaudido pela vizinhança aflita; enquanto a graúna, na gaiolinha amassada, continuava cantando, assustada.
7. Pode parecer um episódio sem nenhuma importância; mais um, na cidade grande.
Examinado-o, porém, com seriedade, se há de louvar o comportamento do seu Helcy arriscando a vida, não por um filho mas para salvar um indefeso pássaro-preto. Que, como ele disse, alegrava-lhe os dias, com a doçura do seu canto.
8. Um ato concreto de nobreza e de solidariedade, que não passou despercebido ao coração deste cronista.
Como passarinheiro, vibrei quando vi, no matutino que, diariamente, me acorda bem cedinho, a foto da grauninha que, como disse acima, parecia-me feliz e agradecida.
1. Pus os olhos no jornal e vi uma graúna que me parecia feliz e agradecida. Não foi difícil descobri-la, pois, ela ocupava a primeira página do matutino com o qual me encontro, todas as manhãs, mal deixo minha redinha cearense, confidente de muitos dos meus santos e pecadores sonhos...
2. Com os primeiros raios do sol ou com a brisa fria das preguiçosas auroras de inverno, ou seja, chova ou faça sol, esse jornal chega-me às mãos, pondo-me a par do que está acontecendo nos quatro cantos da Terra; o que nem sempre é uma boa. Talvez fosse melhor permanecer imerso nos meus devaneios; distante de tudo.
3. A chuva caía indômita sobre Salvador. De repente, um prédio de um bairro proletário começou a desabar. Estabeleu-se o pânico entre os seus humildes moradores.
4. Presa à parede de um dos apartamentos prestes a ruir, estava uma gaiolinha com uma graúna saltitante.
5. Vendo que o pássaro podia morrer, um morador de um do edifício em desgraça correu para salvá-lo.
Em fração de segundo, boa parte do pequeno edifício veio abaixo e o morador afoito sumiu com a graúna nos escombros, envolto por uma densa cortina de poeira.
6. Dirá o leitor: morreram ele e o passarim.
Pasmem! Depois de soterrados por mais de quatro horas, seu Helcy e o pássaro sobreviveram! Retirado de um buraco, o morador foi aplaudido pela vizinhança aflita; enquanto a graúna, na gaiolinha amassada, continuava cantando, assustada.
7. Pode parecer um episódio sem nenhuma importância; mais um, na cidade grande.
Examinado-o, porém, com seriedade, se há de louvar o comportamento do seu Helcy arriscando a vida, não por um filho mas para salvar um indefeso pássaro-preto. Que, como ele disse, alegrava-lhe os dias, com a doçura do seu canto.
8. Um ato concreto de nobreza e de solidariedade, que não passou despercebido ao coração deste cronista.
Como passarinheiro, vibrei quando vi, no matutino que, diariamente, me acorda bem cedinho, a foto da grauninha que, como disse acima, parecia-me feliz e agradecida.