O CAVALO VERDE...

Chove chuva, chove sem parar... Eu canto, diz que “quem canta, seus males espanta.” E é preciso cantar... Ou escrever.
Já perdi a conta, já não sei há quantos dias chove por aqui. Olhando a previsão do tempo sobre o mapa do Brasil, há sol ou sol e nuvens em todos os estados, só sobre o Rio Grande paira uma nuvem negra com sinais de trovoadas. Ah, o inverno... Que delícia e que tortura!
Só quem conhece os pampas, sabe o quanto é lindo ver os campos cobertos de geada, a fumaça nas chaminés e o sol brilhando no céu mais azul que já se viu nos pagos. Portanto, o frio não é o pior...
Ruim mesmo é esse aguaceiro que São Pedro manda, um dia atrás do outro, pintando tudo de cinza, agoniando chimangos e maragatos. Até o horizonte se perdeu... Já não sei onde termina a "minha" Lagoa dos Patos e começa o céu. O sol está de férias, parece que nunca mais vai retornar, os coqueiros balançam tristemente, as margaridas curvam-se com o peso da chuva. As flores desbotam e a gente também...
Como tudo, tem o lado bom... O aroma do café recém passado e do pão quentinho, o fogo crepitando na lareira, o chimarrão, o edredom sobre o pelego, o chocolate, o vinho. Ah, o vinho que aquece e solta o riso e o siso...
Inverno é tempo de catarse, de dormir abraçadinho (ou com o amado, ou com o travesseiro). É tempo de sonhar com o sol e, também, com o amor, que certamente virá, não no cavalo branco, quiçá no belo cavalo verde ou de Jet Ski, já que só tem água por aqui.
Pois é, é preciso cantar, escrever e esperar, sem desesperar...

Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 19/07/2010
Reeditado em 22/07/2010
Código do texto: T2386663
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