Sistemático, eu?
Todos me acusam de ser absolutamente sistemático... e isso já faz tempo. Seria pelo hábito de nunca me atrasar, de gostar de fazer o que é certo e apreciar que cada coisa fique no seu lugar e tenha o seu tempo certo de acontecer?
Se ser sistemático é ser ordeiro, então mereço a alcunha.
Na verdade, comporto-me assim não por ser esperto ou inteligente, mas por que sou tremendamente distraído. As chaves do carro, por exemplo, assim que chego em casa trato de deixá-las penduradas em um lugar específico ou não as localizarei quando delas precisar; é meramente por acomodação que o faço. Enquanto isso, pessoas inteligentes, não sistemáticas deixam-nas por aí, em qualquer lugar, e haja correria e memória para tentar localizá-las depois.
Tenho um amigo não-sistemático que quase perdeu a hora do casamento da própria filha por não localizar as chaves do carro. A família pronta, esperando, quando ele deu o alarme:
- Cadê as chaves do carro? – Procuraram por todos os cantos, revirando a casa, e já quase pegavam um táxi quando ele meteu as mãos nos bolsos da calça e lá estavam elas.
Pessoas não-sistemáticas também não sabem onde ficam os documentos e, quando precisam deles, muitas vezes precisam tirar uma segunda via, pois perderam a primeira. Nós, ao contrário, temos tudo catalogado em pastas devidamente organizadas em ordem alfabética.
Enquanto isso os inteligentes jogam tudo dentro do armário e localizam através de um complexo e intrincado mecanismo de atração psico-metafísico aliado à boa sorte. Certa vez um amigo, sem localizar no meu carro a costumeira sacolinha de lixo, jogou um papel de balinha no piso.
- Fulano, perguntei, você se incomoda de pegar o papel e deixá-lo nesse porta-treco para que depois eu o jogue fora?
- Como você é sistemático? – Reclamou.
Se tomar, banho, manter os ambientes em que vivo e frequento limpos, colaborar com o bem do próximo e manter minha vida organizada for um crime: prendam-me logo.
As pessoas reclamam, mas gostam quando os médicos fazem o que é certo prescrevendo corretamente um tratamento, quando os pilotos e mecânicos de companhias aéreas cumprem seus deveres ou quando toda a gama de serviços dos quais dependem funcionam corretamente.
Claro que devemos eliminar os exageros, mas se for inteligente banir os sistemáticos, é melhor que o mundo pense duas vezes e nos deixem absolutamente em paz. Tenho observado que pessoas organizadas tendem a comandar estruturas humanas complexas e a ocupar os melhores cargos na vida. Afinal, o próprio universo obedece a um ordenamento perfeitamente natural, desde as partículas subatômicas, levando-nos a deduzir que Deus é o maior sistemático de todos. Ou não?
Todos me acusam de ser absolutamente sistemático... e isso já faz tempo. Seria pelo hábito de nunca me atrasar, de gostar de fazer o que é certo e apreciar que cada coisa fique no seu lugar e tenha o seu tempo certo de acontecer?
Se ser sistemático é ser ordeiro, então mereço a alcunha.
Na verdade, comporto-me assim não por ser esperto ou inteligente, mas por que sou tremendamente distraído. As chaves do carro, por exemplo, assim que chego em casa trato de deixá-las penduradas em um lugar específico ou não as localizarei quando delas precisar; é meramente por acomodação que o faço. Enquanto isso, pessoas inteligentes, não sistemáticas deixam-nas por aí, em qualquer lugar, e haja correria e memória para tentar localizá-las depois.
Tenho um amigo não-sistemático que quase perdeu a hora do casamento da própria filha por não localizar as chaves do carro. A família pronta, esperando, quando ele deu o alarme:
- Cadê as chaves do carro? – Procuraram por todos os cantos, revirando a casa, e já quase pegavam um táxi quando ele meteu as mãos nos bolsos da calça e lá estavam elas.
Pessoas não-sistemáticas também não sabem onde ficam os documentos e, quando precisam deles, muitas vezes precisam tirar uma segunda via, pois perderam a primeira. Nós, ao contrário, temos tudo catalogado em pastas devidamente organizadas em ordem alfabética.
Enquanto isso os inteligentes jogam tudo dentro do armário e localizam através de um complexo e intrincado mecanismo de atração psico-metafísico aliado à boa sorte. Certa vez um amigo, sem localizar no meu carro a costumeira sacolinha de lixo, jogou um papel de balinha no piso.
- Fulano, perguntei, você se incomoda de pegar o papel e deixá-lo nesse porta-treco para que depois eu o jogue fora?
- Como você é sistemático? – Reclamou.
Se tomar, banho, manter os ambientes em que vivo e frequento limpos, colaborar com o bem do próximo e manter minha vida organizada for um crime: prendam-me logo.
As pessoas reclamam, mas gostam quando os médicos fazem o que é certo prescrevendo corretamente um tratamento, quando os pilotos e mecânicos de companhias aéreas cumprem seus deveres ou quando toda a gama de serviços dos quais dependem funcionam corretamente.
Claro que devemos eliminar os exageros, mas se for inteligente banir os sistemáticos, é melhor que o mundo pense duas vezes e nos deixem absolutamente em paz. Tenho observado que pessoas organizadas tendem a comandar estruturas humanas complexas e a ocupar os melhores cargos na vida. Afinal, o próprio universo obedece a um ordenamento perfeitamente natural, desde as partículas subatômicas, levando-nos a deduzir que Deus é o maior sistemático de todos. Ou não?