ANOS 60 E 70 _ A REVOLUÇÃO DOS COSTUMES
Depois das décadas de 60 e 70 o mundo nunca mais foi o mesmo. Duas décadas marcadas por uma transformação de 180°. A revolução sócio-cultural modificou radicalmente os costumes e forneceu as bases para as próximas décadas. Nem tudo o que ocorreu naqueles "anos dourados" vingou. Mas a estrutura do mundo nunca mais foi a mesma. Romperam-se comportamentos, que vigoravam desde o século XIX, em praticamente todos os aspectos da vida humana. Quem, como eu, está acima dos 50 anos, com certeza se sente vivendo duas vidas em uma só. De conceitos, preceitos e preconceitos exageradamente duros e estáticos, passamos para a libertação quase total. De uma época em que nada podia, entramos para outra em que tudo pode. Quem foi adolescente no Brasil entre 60 e 70, participou de um filme que foi evoluindo e modificando o cenário, as cenas, os padrões.
A mim parece que não houve um meio termo. Foi como sair da pré-história e pousar em Marte, sem escala na Lua. A nave da evolução, num potentíssimo foguete, nos levou de A a Z, sem percorrer as outras letras do alfabeto. E haja cabeça para absorver tantas coisas novas! Aos que eram jovens, como eu, naqueles belos e movimentados tempos, a absorção se fez naturalmente. Aos que nos antecederam, foi um Deus nos acuda! Os pais estremeciam a cada "cabeludo" que se aproximava das filhas. Com aquela aparência, só podia ser "maconheiro"! E arrepiavam quando a filha botava aquele brim curtíssimo, que quase não tapava o bumbum. A mini-saia era o terror do pai, zeloso pela "integridade" moral e física da filha. E aqueles saiões compridos, todos "manchados"... "Minha filha virou hippie, que horror!".
Brincadeiras à parte, o fato é que a sociedade mundial contemporânea sofreu influências enormes, trazidas, principalmente, pela 2ª metade dos anos 60 e início dos anos 70. Foi aí que se fortaleceram conceitos que vigoram até hoje, como a igualdade entre as raças, entre homens e mulheres, a liberdade sexual (proporcionada pela pílula anticoncepcional), a luta pelos direitos políticos e a liberdade de expressão. A riqueza cultural dessas décadas transformou o mundo e no Brasil não foi diferente. Entre outras coisas, as idéias revolucionárias da Tropicália ou da romântica Jovem Guarda, foram responsáveis pelo surgimento de grandes expressões na música popular, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Jair Rodrigues, Elis Regina, Nara Leão e Roberto Carlos.