A Bela Bento Gonçalves

Estive na serra gaúcha, mais precisamente em Bento Gonçalves. Foram só três dias, mas como em outros anos, me fartei de comida colonial, boa educação, amigos e frio. Desliguei um pouco de mim, do círculo em que vivo, e isso é bom. Volto renovado, novo, rejuvenescido. Venho com a mente aberta, sem os vícios do cotidiano.

A colonização italiana influencia uma alimentação caseira, farta, mesa cheia. Fica difícil recusar. Come-se bem, e muito. O sotaque é engraçado - um R, quando na verdade precisa-se pronunciar dois - evidencia de onde se veio. Os amigos, trazidos da cidade natal, abrilhantaram ainda mais o lugar. Foram risadas memoráveis, conversas inteligentes, boa companhia. Viajar com pessoas especiais é o mesmo que tocar o céu.

O frio foi nosso carrasco, saímos de Cruz Alta com temperatura de um grau e sensação térmica de menos três. Entrouxo-se feito urso panda, andávamos presos em nossas vestimentas, duros como pedra. Se nos chutassem rolaríamos. Então fizemos do vinho nosso amigo predileto, do Cabernet Sauvignon uma dádiva calorosa para o nosso frio. Éramos sujeitos agraciados pela bela paisagem, uma chuva fina, miúda, plena numa cachoeira em que as águas deslizavam por belas pedras soltas. Uma fumaça úmida lhe deva o ar de fervor, contrastando com tudo o que se tinha. Mas o que admirou e deixou-me com uma esperança imensurável foi educação primorosa das bento gonçalvenses. Uma cidade com pessoas receptivas e agradáveis merece todo o sucesso e crescimento. Passei a gostar ainda mais de Bento Gonçalves. Que bela cidade.