Poupemos as crianças
“Vender qualquer coisa para todos e todos procurarem fazer de tudo para comprar”. Esta sem dúvida é a frase mais importante para que a mídia seja bem sucedida. Não importa como será explorada a idéia, mas os fins devem ser atingidos, não poupando adultos, jovens ou crianças, para que o produto seja vendido.
Assim caminha o sistema. Para que um adulto seja um excelente comprador, inserido na sociedade de consumo a qual fazemos parte, deve se condiciona-lo prematuramente. Ou seja, desde criança induzi-la ao consumismo através de um bombardeio de comerciais aparentemente inocentes, moldando as mentes infantis num trabalho de maestria tão natural que passa a ser aceitável sem questioná-los.
Não se pode negar que o sistema capitalista objetiva lucros. Não se pode dizer também que é o pior sistema de governo, por muito apregoados, muito pelo contrário, o capitalismo oferece oportunidades a todos, claro que com muita desigualdade, nas sociedades menos estruturadas, corruptas, herdeiras de trapaças obscuras, com governos famintos por poder, por empresários inconscientes da natureza dos problemas ao seu redor, se fingindo não ser um dos culpados, diante das misérias dos seus funcionários, pois o capitalismo tem o poder e a possibilidade para dar vida digna a todos, diante de governantes bem intencionados, de patrões menos gananciosos, pois a sociedade faz o seu papel, no entanto, hoje no país, se vive apenas para o trabalho de sobrevivência.
Diante de uma sociedade que, somente, trabalha para seu sustento e em função da mídia estimuladora de consumo, o ser humano passa dia após dia, em busca de seus sonhos, na loucura desenfreada para conseguir algo que supostamente, em breve já estará ultrapassado, deixa de viver, para poder consumir o que já foi consumido. E as crianças, diante do tão saturado “desapego aos bens materiais”, passam ao descartável, antes mesmo do uso de determinado produto. Não conseguirão, num futuro próximo, distinguir o valor das coisas, e os sonhos morrerão.
A mídia poderia poupar os jovens e crianças desta lavagem cerebral, antes que lancem um creme dental para o lobo mau, em vista do tamanho de sua boca, com gosto de sabão, induzindo as a comprarem.
Deixar para os adultos as opções de escolha seria a medida correta, para o momento, diante de uma sociedade ainda empobrecida, econômica, cultural e educacionalmente.
Se a loucura pelos bens materiais faz o homem ser feliz. Se os cartões de créditos e os parcelamentos o satisfazem, que assim seja. Se a vida para ser vivida pode ser deixada em segundo plano, é opção de cada um, mas as crianças que sejam poupadas, para no futuro elas poderem decidir o que melhor lhe convier.