Mais um milagre da vida

Mais um milagre da vida

Mª Gomes de Almeida

Entre tantas coisas que meu pai me ensinou esta o gosto por cultivar as plantas, especialmente as frutíferas, outras ele alegava que não davam frutos, portanto não tinha muita utilidade...

Hoje discordo um pouco dele neste sentido, porque amo todas as plantas, frutíferas ou não.

E ele me ensinou a amá-las sem descrever, sem explicar. Ele me ensinou na prática: plantando, colhendo e saboreando com todos da casa os frutos do seu, do nosso cultivo.

Todos finais de tarde, ou às manhãs o cheiro de terra molhada invadia nossas narinas, era ele regando suas plantas.

Lembro-me da alegria contagiante com a qual ele nos convidava: eu e a minha irmã dizendo cheio de mistério e com um brilho indescritível no olhar: “venham ver uma coisa!” corríamos atrás dele e quando lá chegávamos ele nos mostrava orgulhoso, primeiro as pequenas plantas brotando, depois suas primeiras flores, um tempo depois seus frutos. E o último estágio: o fruto já maduro era colhido, os primeiros deveriam ser saboreados por toda família.

Cresci, entrei de cabeça no trabalho e o pouco tempo me priva de viver tão intensamente o que aprendi com meu pai, mesmo assim em meu quintal tenho: um pé de caju, um de abacate, um de ata, um de acerola, vários de mamão. Algumas roseiras...

Dia desses recebi um email que divulgava o poder da graviola na cura do câncer. Fiquei muito feliz por imaginar famílias inteiras que estão perdendo seus entes queridos para essa doença tão cruel, e a possibilidade da cura com o chá das folhas dessa planta.

Tratei logo de imprimir o email colocar no mural do meu local de trabalho e comentar com algumas pessoas do meu ciclo de amizade.

Alguns dias depois uma amiga me presenteou com uma muda já bem grandinha dessa planta, fiquei felicíssima. E a pessoa que me presenteou fez várias recomendações para o dia em que eu fosse transportá-la para o lugar onde ela se fixaria e ali produziria seus frutos.

De acordo com as recomendações coloquei a em um local fresco e passeia a cuidar dela até que chegasse o dia de mudá-la. A planta dava sinais de que estava em perfeito estado de saúde então decidir: amanhã a mudarei.

Ao me levanta no dia seguinte a primeira coisa que vi espalhada pelo meu quintal era uma terra preta, úmida, por um tempo me perguntei de onde viria aquela terra. Fiquei processa com a Priscila minha cadela. Moleca como ela só, parece que nunca vai deixar de ser bebê, localizou o “saquinho” onde a muda da planta milagrosa estava e simplesmente a estraçalhou.

Fui buscar seus restos no fundo do quintal murcha suas raízes totalmente expostas. Confesso que quase chorei. Fuzilei minha cadela com um olhar, ela botou literalmente o rabinho entre as pernas e tratou de se deitar bem longe de mim.

Recolhi minha muda nos seus últimos suspiros de vida, coloquei-a em um vaso e passei a regá-la todos os dias. Suas folhas secaram dando sinal de que eu nada podia fazer.

Eu não desisti... Todos os dias o mesmo ritual, regava todas às plantas e ela era uma delas. Um mês depois, eu já dava sinais de ter sido vencida pela morte eminente da minha planta que continuava seca, sentia vontade de raspar o seu caule fino e seco pra ver se havia ao menos um pequeno sinal de vida, mas com medo de ele estar completamente morto não o tocava com as mãos, só com a água de manhã e à tarde...

Dia desses fiquei uma semana fora de casa e quando retornei eis a minha maior surpresa/alegria. Duas folhinhas brotavam naquele caule seco, confesso que quase ajoelhei para dar graças. Não o fiz, não ajoelhei, mas ao Criador agradeci pela vida que brotava naquele caule que embora seco ainda vivia. É a vida dando rasteiras na morte. Mais um milagre ali debaixo dos meus olhos acontece!

Maria Gomes de Almeida
Enviado por Maria Gomes de Almeida em 17/07/2010
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