GEADA
O Rio Grande do Sul está em pleno inverno. O branco cobre os campos, o vento gela o ar. A natureza se veste de noiva no interior e o vento gélido assola as cidades. O frio penetra a pele e parece atingir os ossos dos transeuntes. Sair de casa para trabalhar é um martírio. Trabalhar nas noites frias é quase desumano. As pessoas caminham pelas ruas como bonecos embrulhados e soterrados de abrigos. Só os olhos ficam de fora para mostrar que ali está um ser humano. Porque, no mais, parecem uns robôs. O frio, quando é demais, entorpece os movimentos, tira a mobilidade e congela até pensamentos!
A natureza do meu Rio Grande está bonita nas cidades serranas. Os turistas chegam em busca do espetáculo da neve. Mas a constante são as geadas. A neve é um fenômeno mais raro de ocorrer, porque necessita de muita umidade no ar. A geada se forma mais fácil, pois é a nivel do solo, que umedecido pelo orvalho, congela, às baixas temperaturas. Porque geada não cai. O que cai é a neve, que é chuva congelada. Ainda hoje ouvimos, mesmo entre os habitantes dos estados sulinos, que "caiu geada". Coisas de um tempo longínquo, em que não se sabia explicar essas coisas. A geada é o orvalho congelado. Quando o sol esquenta o solo, ela começa a se desfazer e, se tem um ventinho, o frio é de "renguear cusco", como dizem por aqui.
Nessa época do ano, os três estados sulinos dão a impressão de não fazerem parte do território brasileiro. Parece que estamos na Europa. O Brasil fica com duas caras nessa estação. Dá um "arrepio na espinha" dos sulistas, "mumificados" pelos agasalhos, olhar na TV os nordestinos e nortistas curtindo praia nos meses de junho, julho e agosto. Parecem dois Brasís!
Amo o meu Rio Grande, tenho orgulho de ser gaúcha. Mas, sinceramente, estou pensando em pedir a Deus para, na próxima encarnação, "pousar" direto no Nordeste!