FICÇÃO PELO MAGISTÉRIO/EDUCAÇÃO

FICÇÃO PELO MAGISTÉRIO/EDUCAÇÃO

Não é por acaso que sou professora, mesmo que tardiamente, pois me formei aos quarenta e sete anos, pois tinha um sonho que acalentava desde criança, mas por falta de condições não consegui.

Quando tive meus filhos e estavam um com três e o outro com quatro anos, coloquei-os imediatamente na escola. Morava há um quilômetro mais ou menos da escola, mas eu ia levá-los todos os dias, voltava pra casa e no horário lá ia eu pegar de volta da aula.

E ao chegar em casa a minha curiosidade para ver o que fizeram na escola, ia correndo ao caderno. Essa rotina durou muito tempo, mas não me cansava. O mais velho aos cinco anos começou a ler tudo que via em casa, rótulo de leite, jornal, enfim tudo que passava à frente. Resultado foi para primeira série.

Para prosseguir o relato, o mais velho adorava estudar e aos quinze anos terminou o ensino médio. Eu já estava trabalhando, sugeri que fosse fazer faculdade, pois tinha um sonho de entrar na aeronáutica, então achava que esse caminho levaria a isso.

Começou fazer matemática, e foi passando, continuava muito estudioso e no quarto período surgiu uma oportunidade de estágio remunerado, dar aula de matemática numa escola municipal. Um colega dele me ligou e falou do estágio e que Emersson não queria. Eu trabalhava numa cidade vizinha. Liguei imediatamente pra casa e perguntei por que não aceitou o estágio, falou imediatamente, eu não quero ser professor. Usei minha autoridade e disse você vai, agora resolver isso. Foi, começou dar aulas e três meses depois me falou, Mainha, eu quero ser professor.

O outro, Emanoel, também, não queria estudar na faculdade pois não queria ser professor, é que na minha cidade a faculdade só tinha cursos para o magistério. Insisti, após dois anos aceitou e hoje é um bom professor de português.

Concluo, com uma máxima da minha autoria, magistério é uma nóia que espero tão cedo saia do meu currículo.

Mirtes Cassia