Qual o seu maior medo?
Eu confesso que sou um profundo admirador dos dramas do cinema e, dentre esses, posso dizer que Coach Carter – Treino para a vida, é um dos meus favoritos.
O filme é baseado na história real de um professor que fora aluno de um colégio da periferia da cidade americana de Richmond e um dos grandes jogadores de basquete daquela instituição. Após alguns anos, ele tem o desafio de ser o treinador de basquete desses jovens, sendo que ele adota uma filosofia bem diferente das comumente seguidas. Segundo a ideologia de Carter, que é interpretado, brilhantemente, pelo ator Samuel L. Jackson, os alunos só poderiam fazer parte do time de basquete se tivessem bom rendimento escolar e que com isso, pudessem pleitear uma oportunidade numa universidade americana. Nisso, ele estimula a interação entre os alunos, os encontros e configurações de caráter, mas também vê advir sobre si a revolta dos pais dos alunos que pensavam que os filhos só podiam vencer se fossem atletas, dos professores que sentiam-se menores por causa dos métodos de Carter e da comunidade que via no time de basquete uma grande aposta para a solução de inúmeros problemas enfrentados pela mesma.
Mas, dois momentos em especial me chamam a atenção nesse clássico. Havia um aluno/atleta, por nome Cruz, que estava se envolvendo com o tráfico de drogas e exercia certa rebeldia aos métodos de Carter. Sendo que o treinador perguntava inúmeras vezes ao aluno qual era o seu maior medo. Até que após o rompante com a criminalidade, o atleta declama o poema de Marianne Williamson, Medo Maior.
E a outra é o fim do filme onde o time de basquete após inúmeras conquistas, vai decidir o campeonato estadual contra um time tecnicamente superior e mais experiente. A partida é alucinante e nos segundos finais do jogo, o time de Richmond, do treinador Carter, perde.
Esses dois destaques nos garantem algumas lições para nossas vidas. Quando Carter estimula o aluno a buscar resposta para os seus medos e o mesmo recita Medo Maior, além de o treinador ter feito o aluno buscar os livros, ele o fez perceber que ele era capaz e que o seu sucesso dependia, antes de qualquer coisa, dele próprio.
De repente, tudo pode parecer contrário em nossas vidas. A nossa criação, o local onde crescemos, as nossas frustrações, os nossos medos, mas quando a nossa luz brilha, permitimos que os outros façam o mesmo. Então, não dá pra lamentar o que foi errado, é tempo de encarar essas situações e lutar para transformar tudo isso.
Muitos podem ter se perguntado o porquê do filme ter terminado com o time de basquete de Richmond sendo derrotado. Mas as cenas seguintes é que dão o toque de ”gran finale” ao mesmo. O treinador Carter vai ao vestiário e enaltece todo o trabalho que fizeram e que eles tinham saído dali como campeões e quando os mesmos estão saindo do ginásio, uma multidão os aplaude e quando os créditos finais vão subindo a tela, vê-se que os jogadores tornaram-se grandes homens.
Carter não estava treinando somente um time de jogadores com inspiração pra jogar no basquete universitário americano, mas lutando para que os mesmos pudessem buscar perspectivas maiores que eles acreditavam que pudessem ter.
Durante a jornada de nossa vida, nos limitamos muitas vezes com a nossa condição social, com nossa formação acadêmica, com os aspectos negativos que às vezes nos fazem pensar que se passarmos por essa vida, já sairemos felizes, quando, na verdade, temos tudo para sermos maiores e melhores. Depende do tamanho que damos aos nossos sonhos.
Eis o poema outrora citado:
O MEDO MAIOR
O medo maior não é de ser inadequado,
O medo maior é de ter o maior poder,
É nossa Luz, não nossa Obscuridade, que nos assusta,
Perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?
Na verdade, quem é você pra NÃO ser?
Você é filho de Deus. Ficar por baixo não vai ajudar o Mundo.
De nada adianta se retrair para as pessoas ficarem inseguras a seu respeito.
Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que habita em nós.
Não em alguns de nós, mas em todos nós.
Se deixarmos nossa Luz brilhar, permitimos que outros façam o mesmo.
Se nos libertarmos do medo, nossa presença irá libertar outros.
(Marianne Williamson)