VIDA MODERNA
Depois que nosso cérebro cresceu e de desenvolveu, desde os primórdios tempos, a vida ficou bem complicada.
Hoje temos impulsos racionais e emocionais que se cruzam, que nos fazem pensar mais, que causam mais arrependimentos, sofrimentos e prazeres.
Quando só tínhamos os impulsos racionais era mais simples, tudo se resumia em sobreviver e procriar. Hoje amamos, odiamos, temos frustrações, alegrias, desejo, ciúme, ambição.
Um ferimento ela lambido ou tratado com folhas ou seivas, hoje é num hospital, como pessoas vestidas de branco, com injeções e remédios químicos.
Um simples desejo de perpetuar a espécie se transformou em vaidade, flores, vinho, romance, roupas insinuantes, perfumes diversos, beijos, olhares e desejo de um corpo inteiro.
Sair para caçar em grupo hoje é sair de carro, jantar ou almoçar com a família, amigos, namorada, noiva, esposa, num restaurante, onde a coxa crua de um animal virou um pernil recheado e assado, servido em pratos de louça ou porcelana acompanhado de uma bebida industrializada.
No passado remoto sobrevivíamos algo em torno de 30 anos hoje já passamos dos 100.
A vida ficou complicada, mas a quantidade de prazeres aumentou astronomicamente.
Viver hoje não é mais sobreviver, viver é trabalhar, sorrir, desejar, amar.
E num futuro remoto, como será?
Sem verde, sem água potável, sem alimentos naturais, sem sol devido à poluição, os prazeres sendo canalizados para o capitalismo e o materialismo. O individualismo crescendo e isolando as pessoas em seus mundos virtuais e solitários.
Talvez a vida seja um circulo, onde o excesso de modernidade e progresso nos leve a um futuro pré-histórico de dura sobrevivência e depois torne a vida prazerosa do meio do circulo.
O meio é o ideal, o equilíbrio, o bom senso, mas as pessoas querem mais, não importa onde tudo vai dar, é preciso inventar, criar necessidades, descobrir o indecifrável segredo da existência.
Abrir um novo caminho, uma nova estrada, criar um novo remédio para tratar uma nova doença, criar uma nova necessidade e um novo produto.
O tempo é perdido nos re-inventos cujas necessidades são quase que inexistentes.
É necessário mais tudo, mais roupas, mais carros, mas lojas de R$1,99.
Cabelo louro, preto, vermelho, marrom. Esmalte verde, amarelo, azul, preto, branco. Furo na orelha, no nariz, no seio, na boca.
Cirurgia estética para tirar algo ou acrescentar algo para talvez não mais atrair o macho para o acasalamento, mas sim para a tal auto-satisfação, em se ver mais próximo de um padrão de perfeição que é inexistente ou talvez não material ou físico.
O mente coletiva está desorientada, se perde nos sons, nas imagens, nos desejos e fantasias.
Vivemos uma sobrevivência com opcionais que nunca são suficientes. Não há o momento ideal, o ter ideal, o sentir ideal, tudo é mutável.
Urge o momento de parar, meditar, avaliar, pensar, repensar, planejar para onde estamos indo antes de irmos para onde todos iremos.
O mundo acaba todos os dias, mas também renasce todos os dias. O tempo de permanência pode ser muito melhor, maravilhoso e quase perfeito no futuro desde que os verbos ser e ter sejam aos poucos substituídos com mais intensidade por dar e amar.