MARESIA
“Entre um passo e outro percebi que nunca te amei!”
Assim o rapaz se despediu da moça sentada no banco da praia.
Acompanhei o seu caminhar até não mais vê-lo. Os passos estavam descansados por aquela descoberta. Caminhou livre, laureado pela brisa noturna. Pode redesenhar um horizonte ao longe... A percepção libertara suas expectativas de um encontro.
A moça, sentada, tinha o olhar preso ao mar. Encarcerada num ir e vir que não entendia.
“Por que entre um passo e outro? Por que nunca?”
Deixou o olhar descansar distante. Viajou nas ondas perdidas que insistiam em não encontrar a areia. Enfim, libertou-se das palavras e chorou.
Não foi choro escandaloso ou contido. Foi um choro carente de amor, foi choro entre um e outro, choro de encontros e despedidas...
De repente, ela se levantou. Caminhou lentamente e, entre um passo e outro, percebeu que não havia motivos para lágrimas.
Acompanhei o seu caminhar até não mais vê-la. Os passos acompanharam sua liberdade, fugiram das visões presentes.
Os dois libertaram-se das incertezas... Aprisionei a angústia. A fragmentação do encontro e do que poderia ter sido desaguou na certeza de que nunca fora para os desconhecidos.
Libertei as suaves ondas e, com o olhar marejado, tentei buscar respostas nos idealizados portos seguros...
“Por que entre um passo e outro? Por que nunca?”