Um Retrato cansado
Das muitas e várias invenções presenciadas pelo “homem”, e hoje “ser humano”, podemos destacar o retrato, algo de deixar qualquer “Índio Guarani”, vivente desta terra tupiniquim em meados do século XVI, aterrorizado, de fazer este sair correndo com o pocar daqueles fleches do passado, que soltavam mais fumaça que aquela possante “variant” ano 70, cor alaranjada do meu vizinho, se bem, que penso até que possa ser um bem ao combate do mosquito da dengue. Mas, o assunto é a foto e sua invenção, e é claro suas conseqüências, assim, justamente neste tocar que não posso deixar de passar em branco, o que estampado a minha frente vislumbro. Após realizar aquela tradicional fiscalizada nas documentações de clientes, não poderia deixar de minuciar os registros de empregados, afinal, um errinho aqui, e os labutantes ficam a deriva num momento de necessidade dos benefícios. Após foliar um centena de registros, algo me chamou atenção, começou pelo sobrenome, e preso a este item fui me priorizando a mais e mais detalhes, vi as informações documentais, e ao me deparar com a foto do cidadão, fiquei meio que perplexo, não pela cor esbranquiçada dos fios que ainda se faziam presente naquele telhado humano, até porque cabelos brancos não são sinal de velhice, mas sim, pelos traços maltratados daquela fisionomia, mesmo sendo uma pequena foto de formato 3X4, era marcante e presente aquela situação, um ser desgastado pelo tempo, maltratado pelas necessidades da vida, esculpido pelo suor do dia, entre tantos outros traços das dificuldades de muitos, mas este era diferente, muito mesmo, até porque pela data do registro de nascimento, aquela foto ali presente era mesmo fora do tempo, era mesmo um retrato cansado.
Onofre Junior – Um sonhador