Papagaio fujão

Gosto de aves.

Hoje quando li a poesia do amigo Juan Martin (Pajarito), lembrei de algo do passado, aqui mesmo em Salvador. Através dos textos que lemos nos recordamos dos nossos tesouros guardados, nos remetemos ao passado, muitas lembranças.

- Em 1982 cheguei em Salvador-Bahia, não tinha família, uma forasteira.

Ganhei um papagaio, com ele conversava, desafogava minhas mágoas. Ficava solto no pequeno apartamento.

Certo dia eu sai para resolver muitas coisas, demorei, o deixei sozinho. Quando cheguei, ele estava triste em minha sala, em cima de uma cadeira, na pressa não falei com ele.

Creio que ele ficou triste comigo, pois cheguei e não o cumprimentei. Revoltado, foi embora, nunca mais voltou. Não sei onde foi, nem saberei. Ele sentiu-se um solitário, do mesmo jeito que eu me encontrava.

Chorei por vários dias

Pela atenção que não lhe dei.

Na época tentaram me consolar, não conseguiram. As lembranças dele, a falta que fez, se eu soubesse o teria levado comigo.

Será que teriam permitido adentrar no banco com ele?

Quem me visse, me consideraria normal ?

Se soubesse de tantas coisas, algumas repetiria novamente, outras não sei!

Certos dias, naqueles em que questionamos o nosso ser, nossa vida, lembramos de muitos “papagaios” . Papagaios em metáfora naturalmente! O que pertence ao passado não volta.

Marina Gentile
Enviado por Marina Gentile em 16/07/2010
Reeditado em 16/07/2010
Código do texto: T2380560
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