CRÔNICA – Não há crime sem cadáver! – Blog de 16.07.2010
Foto: - UOL, INTERNET.
Por mais que queiramos ficar alheios a esses monstruosos crimes de que fora vítima a jovem Eliza (sequestro, tratamento cruel, cárcere privado, homicídio, ocultação de cadáver), ex-amante do excepcional goleiro Bruno, do Clube de Regatas do Flamengo, tido pelas autoridades policiais como o principal suspeito de alguns desses delitos, não conseguimos de forma alguma, até por que a mídia amanhece e anoitece falando nesse fato doloroso e desumano.
Daqui não queremos nos infiltrar nos delitos praticados contra o seu filhinho, cujo pai seria o mesmo Bruno, que estaria tumultuando o processo de investigação de paternidade, que tramita no Rio de Janeiro, através de DNA. E isso tudo com vistas a ficar imune da pensão alimentícia que a ele seria imposta, caso confirmada a sua condição de genitor do bebê, cujo parâmetro, certamente, incidiria sobre o total de seus ganhos mensais (falam que percebe quase quinhentos mil reais entre salários, direitos de imagem e patrocínios).
Também não estamos aqui para acusar quem quer que seja, mas tão-somente para comentar sobre o título desta modesta crônica: Não há crime sem cadáver!
Advogados brasileiros de renome entrevistados por emissoras de rádio e televisão atestam, confirmam, discutem e até se colocam em posição de julgadores para dizer que não condenariam um indiciado numa situação idêntica, mesmo com o depoimento do rapaz que confirmou ter visto, esteve presente àquelas cenas, que apontam na direção de que o goleiro tem culpa no cartório.
Ora, registros da presença dele, Bruno, em seu sítio foram feitos pela portaria do condomínio, indicando dia e hora da entrada e saída dos até agora indiciados, na referida propriedade, na cidade de Esmeraldas (MG), exatamente no período em que esses fatos ocorreram, isso já está muito claro e nem se discute.
Na qualidade de leigo na matéria, como a maioria da população brasileira, fico a imaginar e até duvidar da eficiência de nossas leis penais, até por que a coisa mais difícil nos últimos tempos tem sido prender pessoas envolvidas em crimes tais; o inverso, ou seja, a liberdade é concedida a torto e a direito, e os acontecimentos estão aí mesmo para comprovar o que estamos falando. Há casos de réus confessos que estão livres, vivendo no nosso meio a seu bel prazer...também não vamos citar nomes, claro.
“Um dos relatos mais detalhados que a polícia obteve foi do menor detido na casa de Bruno, no Rio. Ele falou sobre o envolvimento de amigos do jogador e do próprio Bruno no desaparecimento, além da forma cruel como Eliza teria sido assassinada”. Isso não vale nada? Pode não ser documento hábil para que nele se creia, pois a lei acoberta a menoridade, mas para servir de ponto de partida às investigações é pacífico.
Acaso o leitor queira raciocinar comigo, poderíamos imaginar que a soltura desses supostos envolvidos estaria praticamente garantida, pois em não se encontrando o defunto não se admitiria a ocorrência do homicídio. Veja que esses instrumentos que disso cuidam até parecem ter sido feitos por pessoas completamente analfabetas, porquanto não é um mandato de deputado ou senador que garante ser o político detentor de conhecimentos jurídicos. Ainda noutro dia, um “competente” doutor em letras jurídicas, que havia sido reprovado num concurso para Juiz de Direito, teve seu nome aprovado para a maior corte de justiça brasileira, que é o STF – Supremo Tribunal Federal.
Deus do Céu. Como é que eles consideram crime a “ocultação de cadáver”, de um lado, e de outro se exige que o morto seja apresentado para que se configure o crime! Lógico, evidente, que se a polícia soubesse aonde achá-lo já o teria feito; será que após o depoimento do menor indicando até mesmo o local da barbárie o ambiente não teria sido alterado, de sorte a dificultar o trabalho de buscas, hipótese essa que também se configura como um novo delito penal!
Penso que a solução final dessa deplorável tragédia (talvez até mesmo planejada), se levada à risca a hipótese de que sem cadáver não há crime, só será possível se um dos indiciados confessar, abrir o jogo para a justiça, utilizando-se até mesmo da “delação premiada”, que é um dispositivo constitucional que permite reduzir a pena de quem facilita o trabalho das autoridades policiais e judiciárias. Um detalhe, se os cães comeram a carne da pobre menina certamente os ossos estão em algum lugar. Quem destruiu as provas deve ser uma pessoa bem entendida na matéria.
Da maneira como o inquérito está andando (quase 1000 páginas), salvo se algum fato novo e relevante ainda não tenha sido publicado pelas autoridades ou envolvidos, o que se pode concluir é que findo o prazo da prisão temporária eles serão postos em liberdade, e tudo voltará a ser como antes no quartel de Abrantes.
Mataram o corpo físico da Eliza, evidente, todavia não exterminaram seu espírito, sua alma, que decerto anda vagando por aquelas bandas e haverá de abrir o cérebro dos homens de bem no sentido de abolir definitivamente dos dispositivos legais essa absurda hipótese que foi tema dessas nossas linhas.
Uma coisa é bastante séria. Futebol é um assunto apaixonante, pior de se discutir do que religião, e em seu meio há uma movimentação de recursos absurda em todo o mundo, inclusive lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e outras formas de falcatruas. Um fato que não passou despercebido foi que esse jogador estava praticamente sendo negociado para um clube da Itália...
Ficamos por aqui.
Em revisão.