A IGREJA DESPIDA DA MENTIRA ETERNA

CONTINUAÇÃO 2 (de Colonia del Sacramento – Uruguai) No caso específico da Santa Sé, ou Igreja Católica, havia o pagamento de indulgências, que traduzindo, o homem poderia PAGAR PELA MISERICÓRDIA DE DEUS; isso mesmo e não foi diferente. A igreja se viu abandonada por seus fieis contribuintes e o Estado, que tendeu a virar laico, deixou de aportar valores para a manutenção dos clérigos e construção dos templos faraônicos. Sem se dar por vencida, bastaram alguns poucos e bons apoios de poderosos senhores feudais para que a igreja prepara-se o que é para mim a maior ação de estelionato da história.

Pergaminhos sem nenhum valor foram escritos como cartas de comiserações assinadas por Jesus Cristo e postas a venda por padres, cônegos, bispos, dentre outros; tais missivas eram oferecidas aos miseráveis e analfabetos, que eram induzidos a pagá-las muito caro, caso tivessem algum interesse na salvação. Quem não pagava por tais cartas falazes poderiam inclusive morrer na fogueira santa, como sinal da rejeição de Deus. Em repúdio ao movimento antagônico da verdade, nasceu a força de Lutero; que mudaria anos mais tarde os rumos da igreja.

Usar o nome de Deus para causar temor é um dos negócios mais lucrativos da terra; Jesus Cristo, caso fosse vivo e permanecesse com a mesma ideologia de seu tempo, já teria se matado de vergonha, porque todos buscam o Poder e o dinheiro em seu nome; e o que é pior, da forma mais desavergonhada que se pode observar. Raríssimos são os rótulos de apostolados que não vislumbram primeiramente o vil metal; posso afirmar que de cada 100 denominações, uma, no máximo duas, pregam uma palavra de conforto aos desafortunados e ao final buscam a manutenção de suas obras.

Dinheiro é necessário sim, afinal de contas Deus não quita conta de água, luz, telefone, muito menos os salários dos padres ou pastores; Deus não assina cheque, muito menos usa cartão de crédito e tudo isso é extremamente necessário para a propagação dos ruídos da fé, mas vender carta de indulgência, óleo santo de Israel ou tirar o demônio do corpo em troca de muito dinheiro já é demais para qualquer cabecinha...

Quando Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo” na sua citação crítica da filosofia do Direito de Hegel, obra de 1844, muito embora ficasse marcado na história, esta citação não é exclusiva do alemão; Kant, Herder, Ludwig e Mosses Hess já haviam citado algo parecido em épocas diferentes; o poeta renomado Heinrich Heine, alemão que viveu entre os séculos XVII e XVIII deixou registrado em seus vários documentos a sua preocupação com a doutrina da igreja, sendo o mais célebre: “Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança”. Aos olhos do bom entendedor, Heinrich Hess quis apenas traduzir em belas palavras que a religião tem este poder, de encantar os que buscam nela o conforto da ilusão!

O homem que busca em Deus uma oportunidade de crescimento, se seguir “religiosamente” aquilo que lhe foi atribuído por Lei Divina, consegue destacar-se em qualquer sociedade, mas quem é este homem temente a Deus que segue piamente suas Leis? Alguém pode apontar um único homem ou mulher que o faça ao pé da letra?

Segundo a bíblia sagrada até mesmo Jesus Cristo em vida duvidou da paternidade nobre; quando lhe puseram na cruz e o pregou com cravos enormes ele teria perguntado ao pai sobre os motivos pelos quais ele estava ali e também perguntou por que ele, o pai, havia o abandonado. Se a sua fé e convicção fossem inabaláveis e inflexíveis, será mesmo que haveria tais dúvidas e lamúrias?

A igreja cristã deixou de ser uma divisora de águas bentas; de um lado, onde deveria haver sacerdotes experimentados e doutrinados para o crescimento da filosofia da humildade e ajuda as multidões, criaram-se vários reinados de carrascos que se acostumaram a reunir seus rebanhos para ferrá-los a fogo e dor. Do outro lado, onde deveriam existir criaturas leigas que se doutrinariam através dos diplomas puros, há pessoas encarceradas pela asneira, por serem leigas ao ponto de esqueceram da razão e do plausível.

As masmorras da fé, criadas pela igreja, são compostas de cegos acéfalos; alguns pagam com dinheiro e bens para não permanecerem nestas celas imaginárias; os que não dispõem de dinheiro e não conseguem pagar com trabalho escravo, pagam com suas próprias vidas; foi assim, é assim e será eternamente assim, enquanto a igreja comandar o Estado, que comanda o povo, que, aliás, é comandado pela igreja e Estado juntas, jamais teremos uma única oportunidade de ver uma massa educada, politizada e capacitada a entender que Deus deve ser algo muito bom e não sinônimo de morte, sofrimento, dor, agonia, aflição, angústia...

A libertação de cada indivíduo, do ponto de vista ético e humano, deve ocorrer através do conjunto de seus atos; da magnitude de seu coração e da geração absoluta de sua coragem em buscar a verdade. O indivíduo precisa ser capacitado da oblação da justiça, de pureza de ações e de humildade em pensamentos; quando ele consegue reunir estes predicados de forma segura e sana, com absoluta certeza ele terá visto a Deus diante de si.

A novíssima igreja que promete libertar o homem de suas extenuações pessoais garante através de diplomas ilegítimos que são capazes de tais façanhas; seus líderes pouco ou nada sabem dos mistérios reais que cercam o mundo antigo e que foram perpetrados por várias gerações; poucos e raros são os que sobrepujam os enganadores; muitos são os que se dizem emissários do Criador, portando até carteiras de couro com brasões como forma probatória.

Fórmulas, rezas, orações, exercícios, promessas, juramentos e até confidências; estas são alguns dos critérios modernos para a elevação da alma do novo penitente. O mais importante hoje não é temer a Deus, mas também fortalecer seus supostos emissários e num mundo tão prolixo e vasto, aonde a informação chega mais rápido do que o míssil, os templos precisam mais do que nunca manter seus territórios cheios de pessoas e de preferência que sejam pessoas que não saibam perguntar, falar, muito menos entender.

As masmorras que sempre aprisionaram os fiéis; seja do lado de dentro ou de fora dos templos da fé, tendiam a serem abertas com as recentes descobertas científicas, mas a analisar o mundo e saber que nada mudou, pouco diferiria se acaso viesse a tona qualquer verdade que contrarie a doutrina da igreja, porque o indivíduo quer mesmo acreditar naquilo que ele acha correto e fato; ou acreditam simplesmente naquilo que os emissários do Deus ilusionista, que pregam a dor e o sentimento da culpa, dizem ser apropriado!

“A religião pode fazer suportável a infeliz consciência da servidão, de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiantes doenças...” Moses Hess

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

WWW.irregular.com.br

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 15/07/2010
Código do texto: T2380174
Classificação de conteúdo: seguro