A IGREJA CATÓLICA DE VERDADE
CONTINUAÇÃO – (de Buenos Aires – Argentina) A esta altura o islã também avançava por outra ponta do globo; aquela que fora a terra de Jesus Cristo já estava comprometida com o mulçumanismo que contagiava como religião e após tantos anos, tantos séculos, o judaísmo enfraquecera a ponto do esquecimento. As religiões monoteístas estavam na flor da disseminação ideológica e as guerras santas marcavam muitos solos com sangue e com vidas, tudo em nome de Deus e tudo pela purificação da alma. Cristãos, mulçumanos e judeus já davam sinais claros de que o mundo poderia ser de um único Deus, mas com profetas diferentes. O islã reconhece o judaísmo como religião, o que não ocorre em contrário e os cristãos lutam pela erradicação das outras religiões e por terras, dinheiro e Poder.
De Anastácio I, o 38º Papa católico até Anastácio III, o 103º Papa, a Santa Sé vivera altos e baixos, mas o suficiente para reunir forças, idéias, dinheiro, seguidores medrosos e Reis; ao mesmo tempo o judaísmo retoma seu papel no cenário mundial com uma forte e crescente ascensão; por volta do ano 900 até o ano 1200, severas batalhas marcaram a disputa por Jerusalém; todos imaginavam que quem controlasse a Terra Santa, possivelmente controlaria o mundo e é por este prisma que cristãos começam a movimentar-se para, quem sabe, ter uma oportunidade também de controle da cidade.
Reis, rainhas, príncipes, sultões e outros monarcas, juntamente com seus exércitos são compelidos a financiar e ajudar na conquista da época; a Europa, já sem o domínio do medo do Império Romano, derrocado e morto desde a deposição de Rômulo Ausgústulo em 476, mesmo enfraquecido e com outro nome, ainda resistiria bravamente, pelo menos para os anais históricos por quase mais mil anos, até 1453 na capital Constantinopla; era como a Rainha da Inglaterra hoje, existe, mas não resolve nada! Como se diz atualmente, coisa para inglês ver!
Quando as três grandes religiões monoteístas precisaram ver seus fiéis seguidores mais próximos de suas causas, elas começaram a inventar dogmas cada vez mais severos, para que não houvesse fugas em massa ou êxodo de seus templos. Quem freqüentava os templos religiosos quase sempre eram pessoas ignorantes e totalmente subservientes emocionalmente. Clérigos sempre se aproveitaram desta condição para diluírem entre estes rebanhos o medo e o temor do inferno, que poderia estar tão próximo, caso houvesse dúvida em quem acreditar como Salvador; nunca este medo poderia ser atenuado, até mesmo dentro dos próprios muros da religião, afinal de contas, este mal tão aparente que atende por nome de Satanás, pode corromper até mesmo eles, os próprios clérigos. Por mais que dissessem que o DEUS era um único, apenas havendo discordância do “messias”, ninguém via outra religião, se não a sua própria, como a perfeita!
Jesus Cristo é tão forte dentro das religiões cristãs, que “seu pai” o Deus máximo e Criador; somente é lembrado na condição de preparador de terreno. Deus é uma espécie de arado que perfura solos pedregosos e os transforma em úberes fartos, mas isso somente após a semeadura de seu filho, Jesus Cristo; portanto, a figura de Jesus é tida como único caminho ao Pai e se não for através dele, pode esquecer-se de ser salvo.
Isso tudo tem uma explicação muito clara e simples; os templos antigos sempre foram judeus e com a criação da nova religião, o cristianismo, a figura central, palpável e visível é a de Jesus crucificado. Como sempre ouvimos falar, Jesus Cristo, o Salvador, foi morto e crucificado para salvar a humanidade de um mal ainda mais terrível do que o Império Romano na época, portanto, por ter de fato existido e por haver uma figura emblemática, paupérrima e degradante, padecendo numa cruz de madeira por interseção de Deus para nossa salvação, nada seria difícil se as pessoas pudessem fazer-lhe algo em forma de agradecimento.
Doar dinheiro e servir em seu exército poderia garantir-lhes a gratidão divina, que em suma, era assinada e reconhecida por quem controlava a igreja e a fé popular. Quem vestia uma túnica ou paramento sagrado, chancelado pela Santa Sé, era o credenciado a falar em nome de Deus e o melhor, era tido como irmão de Cristo. O celibato era a purificação e a aliança que carregam nos dedos, o lacre do ajuste com Jesus, como se fossem casados apenas com a fé.
Não se podem esquecer as figuras que sempre enxergaram Jesus Cristo como uma forma obliqua da cura; daqueles que encontraram nas palavras verdadeiramente cristãs, um portal para a humildade, caridade e de certa forma a salvação da condição espúria da humanidade. Gente obstinada que carregaram várias cruzes ao longo de anos, sendo discriminada pela própria igreja, ou pela própria fé dos homens, por serem desiguais aos tratados da religião. Algumas destas pessoas, como São Francisco de Assis, tida por louca dentro da própria igreja, não poderiam faltar no panteão dos iluminados, para que outros não passassem a perder a crença.
Verdadeiramente falando, não se podia ter argúcia lógica na época das cruzadas pela aniquilação dos impuros; somente os clérigos, mesmo assim, alguns poucos, podiam pensar e colocar estes aforismos numa folha de papel; o pensamento, a investigação ou a pesquisa, mesmo que meramente tecnológica, acaso fossem parar num papel ou confidenciada a alguém, poderia levar seu autor para a forca, prisão ou fogueira. O último inquirido oficialmente pela Inquisição do Santo Ofício espanhol, Cayetano Ripoll, em 1826, foi enforcado sobre um tambor de madeira com a pintura de fogueira e seus restos mortais, incinerados em um ergástulo da Santa Igreja Católica; seu crime: pensar e escrever!
O Poder da religião era muito grande e para corroborar com tudo isso, ela ainda teve grande apoio do Estado; ainda assim, não se sentia satisfeita com o efeito adquirido; se fazia necessário concentrar ainda mais domínio, posse e mão de ferro sobre a população analfabeta e incapaz de discernir entre o preto e o branco. Os que tinham muito a dar pagavam por indulgências cada vez mais caras; os que não tinham nada a dar, normalmente serviam de exemplo ou se submetiam a cargos de vizinhos delatores; a classe média, rara, também dava tudo à igreja para poder andar livre e não morrer.
Ubaldo Allucingoli ou Lúcio III, 172º Papa Católico, foi um dos padrastos da inquisição criada oficialmente no ano de 1184; depois dele, vários foram os artifícios para poder taxar alguém de herege, da mesma forma que várias foram às circunstâncias medíocres e espúrias para se tirar dinheiro do povo ou para matá-los. Não há registros oficiais que consiga antever sequer uma pequena parte daqueles que morreram através das penas aplicadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.
Entre o papado de Lúcio III até a primeira metade do Século XXIX, milhares de pessoas pagaram preços muito altos por algo que disseram, fizeram ou que lhes foram atribuídos sem nenhuma prova; e para os que pensam que isso, a venda de indulgências e a inquisição terminaram oficialmente em 1826 com a morte de Cayetano Ripoll, durante o papado de Leão XII, creio que se façam mais incursões aos livros sérios e imparciais, os livros que contam a história como ela aconteceu e não como a igreja quis que fosse contada.
Após Leão XII, muitas foram às selvajarias que os administradores da fé cristã impuseram a sociedade por eles controlada. De Napoleão Bonaparte até os dias atuais, nenhum Estado, salvo os raros que não reconhecem a religião como forma de Governo, consegue bater de frente com a Santa Sé, o islã ou com o Estado Judeu de Israel. A fé pune e mata e se isso ocorrer em nome de Deus, em muitos lugares é motivo de regozijo pleno!
Em se falando de cristianismo, desde a presença da igreja primitiva, onde todos era praticamente uma só denominação, muitas foram às vertentes que a onomatopéia “cristã” ganhou. Ainda nos primórdios, após o Concilio de Éfeso em 431 DC, o Nestorianismo foi criado e uma linha somente sua perdurou até hoje; depois do Concílio de Calcedônia em 451 foi criado um pequeno grupo de igrejas não calcedônianas. No Século XI é criada a igreja Católica Romana e Ortodoxa; mais tarde são criados os ritos orientais e mais tarde ainda, no Século XVI estes ritos, ou braços de fé, unem-se a Católica Romana.
Também no Século XVI, após a criação da Igreja Anglicana, outras protestantes e as Batistas surgem; todas à luz da oposição da Santa Sé; cada uma brotada após uma convulsão ideológica pela programação ritualística ou pela preeminência do Poder!
Notoriamente Deus tornou-se um alvo silencioso de obtenção de muito Poder e quanto mais se cria histórias de sua ira para com os descrentes, mas os crentes fazem de tudo para tê-lo calmo; é esta à hora em que as igrejas agem num verdadeiro descompasso ao que verdadeiramente se pode afirmar do Criador, ou até mesmo quando se traduz as escrituras sagradas de todas as três grandes monoteístas. A obediência a Deus, como criador, em nada diz respeito ao temor aplicado pela religião. Em nenhum livro sagrado, seja o Torah, Corão ou Bíblia, Deus encaminha ao inferno aquele que pensa ou age contrário aos seus ensinamentos primitivos.
Fatos como a Torre de Babel, os Muros de Jericó e Sodoma e Gomorra, todos no velho Testamento, sempre povoaram as cabeças de todos os que tiveram acesso as palavras de Deus Criador e destas histórias, jamais comprovadas, as ideologias religiosas fizeram uma verdadeira festa de regras para seus seguidores. Outras histórias como “as virgens” que esperam os mártires do islã no paraíso, também contribuíram para guerras e fortalecimento de poder. Desobedecer a Deus sempre gerou temor da ira divina, da mesma forma que obedecê-lo da forma que a religião impunha, poderia gerar a desgraça profunda. Pela mente religiosa, melhor ter desgraça material do que Deus contra si!
Todo o temor popular em relação a Deus está basicamente no estreitamento do contato com a morte; morrer, muito embora seja um ato de passagem para muitas religiões, inclusive algumas ideologias cristãs, jamais foi aceito de bom grado pela maioria sana da população; e mesmo quando se aceita a morte como algo co-relacionada ao encontro de Deus, há medos de que isso não ocorra; é então que entra o papel temeroso da fé nas igrejas.
Acéfalos acreditam que doando tudo que conquistaram ao longo de anos de trabalho árduo para os eclesiásticos aproveitadores, estão fazendo ao próprio Deus e isso alivia pecados, remissa a culpa e prepara um caminho ao paraíso divino. Quem de fato acredita nisso, que há milênios é imposto pelos doutrinadores da fé, faz qualquer coisa para vê-se diante da única oportunidade de estar a salvo com Deus.
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Carlos Henrique Mascarenhas Pires