CONHEçA A SUA IGREJA PARTE 1
RELIGIÃO (de Montevidéu – Uruguai) O primeiro ato para que alguém acreditasse que Jesus Cristo era de fato o filho de Deus não foram os milagres, muito menos seu comportamento; o que culminou com a crença da santidade suprema, a ponto de ser igualado ao pai, foi à ressurreição. Muito Lázaro tivesse sido retirado das trevas para a luz, pelo próprio Jesus Cristo, a sua volta ao mundo, em forma de espírito, fez com que os primeiros seguidores partissem de fato numa cruzada desesperada para que seu nome fosse imortalizado e respeitado.
Um dos pontos que poucas pessoas discutem é o fato de Jesus Cristo jamais ter sido cristão; o sentido do cristianismo surgiu justamente com o advento de sua morte. Aquele que atendia por nome de Emanuel e Jesus Cristo, que era filho do carpinteiro José e da “virgem” Maria e que teve irmãos, era tradicionalmente Judeu; atendia aos princípios do judaísmo e vivia ao redor da fé judaica, onde Deus, único hoje para cristãos e mulçumanos, iniciou tudo, no que diz respeito à religião, através do pacto eterno com Abraão e toda sua descendência.
Jesus Cristo surgiu aos olhos do povo, inicialmente como uma fraude quase comparada às bruxas da idade média; era um homem que tinha uma origem estranha e duvidosa; ele veio de outro pacto de Deus com Maria para que tivesse seu único filho, algo que jamais se repetiu desde Adão e Eva, pelo menos que nós, simples mortais tivéssemos notícias; depois aquele homem nascido de uma virgem foi perseguido por um exército inteiro e que após seus pais terem seguido ordens divinas, conseguiram salvá-lo da morte precoce.
Não obstante de tantas dúvidas, Jesus Cristo aparece em raros relatos sobre a sua infância e juventude. Pelo que se especula na história, sempre viva, ele teve uma infância normal, sem muitas aparições públicas e sem espetáculos populares. Depois de adulto, sabe-se também, o que foi contado pelos evangelhos amigos; aqueles livros escritos pelos seus mais fervorosos seguidores; que nos conta que ele fez algumas andanças e numa destas foi provado pelo próprio pai em desafio ao satanás.
Depois de adulto, Jesus Cristo, filho de Deus e da virgem, juntamente com seus irmãos e alguns bons companheiros, passaram a andar pelos vários cantos da terra israelita, a terra prometida por Deus a Abraão, aquele que iniciou a fé judaica; e desta andança curta e proveitosa, sabe-se pelos escribas da época, que ele fez milagres, ressuscitou Lázaro, deu comida a quem tinha fome e vinho a aquém tinha sede; conta-se também que ele desafiou Roma com suas afirmações de ser o Rei dos Judeus, que para o ponto de vista romano, pouco importava se ele era Rei ou dono do judaísmo, afinal de contas, Roma queria apenas o Poder e o dinheiro do povo, para o sustento de seu vasto império.
O fato que haver alguém se dizendo Rei naquela época, se não fosse Rei de Roma, poderia ser qualquer coisa, qualquer Rei, desde que obedecessem as leis do Império. A obediência, principalmente econômica ao Império Romano, era tudo que Roma queria ver e ouvir; salvo uma ou outra interferência nas questões tumultuadas daquelas terras, o Império pouco entrevia as questões sociais e dogmáticas; eles tinham mais um posto de “observadores” do que outra coisa.
Com os constantes incômodos à fé judaica após as tantas afirmações de Jesus Cristo, não havia alternativa senão eliminá-lo. Os clérigos religiosos da época viviam certa harmonia com o Poder de Roma e aquele jovem pregador vindo de alguma banda de Nazaré, de certa forma conseguiu desafiar aquilo que eles tinham por harmonia; ela tinha seguidores, que por mais insignificantes que fossem, por ser gente muito simples, conseguiam reunir outros, que reuniam outros e outros, fazendo uma cadeia cada vez maior e mais forte. Estava certo que havia uma possibilidade forte de nascer outro braço, como tantos outros, do judaísmo e isso era o que eles mais temiam.
Jesus Cristo precisava ser denunciado a Roma para que o Império o eliminasse sem que os judeus carregassem diretamente a culpa; somente desta forma haveria uma explicação perante o povo. Os altos sacerdotes judeus contestaram todos os feitos populares daquele homem e passaram a semear intrigas entre ele e o representante mor de Roma, como de fato ocorreu; diante de tantas afirmações, inclusive perante Roma, Jesus foi condenado à morte sumária e posto entre ladrões numa cruz de madeira, símbolo máximo da crueldade para aqueles que não reconhecessem o Cesar (Tibério), como uma divindade suprema e foi praticamente isso que ocorreu...
Com a ameaça morta e sepultada não havia em tese, mais sentido para acompanhar apenas o sistema de idéias; um fato novíssimo, sim, poderia fazer renascer a fé e tornar não só Jesus como um símbolo máximo, mas também a concretização daquilo tudo que ele sempre disse ser, o filho unigênito de Deus. A ressurreição foi este fato que eles, os correligionários de Jesus precisavam. Se alguém não mais notasse o seu corpo que estava depositado numa lápide simples e este mesmo alguém afirmasse tê-lo visto novamente vivo, isso poderia ecoar nos quatro cantos daquela terra e fazê-los pessoas iluminadas; seria uma chance única para poder reconstruir uma vida arriscada, mas era uma chance!
A conjuração cristã poderia ter tomado outro rumo; seus missionários poderiam viver tranquilamente na quietude da obscuridade, o que seria pouco provável; mas eles também poderiam determinar ainda mais todos os acontecimentos vividos na época de vida daquele que eles chamavam de Mestre. Eles arriscaram como bons e hábeis jogadores e esta atitude ninguém sabe ao certo se foi amplamente discutida ou se ocorreu naturalmente; de uma forma ou de outra, eles jamais imaginariam que a história de Jesus Cristo, contada através deles, ocasionaria numa legião de mais de 2 bilhões de pessoas no futuro!
Passam por Calígula, Cláudio, Nero e mais cerca de 40 imperadores romanos em cerca de 300 anos após a morte de Jesus até que houvesse uma ajuda do próprio Império para a tolerância dos ensinamentos e afirmações de Jesus Cristo. A ajudazinha que aqueles homens já quase esquecidos, que seguiram Jesus em sua peregrinação tiveram, foi dada pelo Imperador Constantino. A esta altura a Igreja católica já havia contado 37 Papas desde Pedro no ano 32 DC.
É neste ponto da história que ela confunde e raramente ensina corretamente; se Roma jamais tolerou a religião cristã nos séculos antes de Constantino, como a Igreja Romana conseguiu eleger, indicar ou impor tantos pontífices? Somente de Roma, nascidos do Império, foram 20 Papas desde o primeiro até a era de Constantino, que impôs uma única religião; os outros 17 vieram de locais remotos como a África (São Vitor I), Síria (Santo Aninceto e São Melquíades) e Espanha (São Damásio I), além da Grécia que forneceu outros seis Papas.
O que se sabe bem ao certo é que todos estes Papas que a Igreja católica Apostólica Romana declara em seus anais durante a época de Pedro até São Sirício, que foi pontífice de 384 até 399, época do “milagre” de Constantino, todos foram coroados pós-morte, da mesma forma que muitos outros que viriam a serem Papas no futuro. O próprio Pedro, que jamais foi Pedro e sim Simão, primeiro foi reconhecido por Príncipe dos Apóstolos, para somente depois ser coroado como primeiro pontífice; isso é claro, porque o próprio Jesus afirmou que edificaria sobre ele a sua igreja e o batizou, informalmente, de Kepha, ou PEDRA. Ironia a parte, também conta os evangelhos que aquele mesmo PEDRO, negou Cristo por três vezes, para não correr o risco de ser preso com ele no advento de sua delação.
A Santa Sé de muitos anos depois passou a relatar que ela fora fundada inicialmente durante a vida de Jesus Cristo, portanto, teria hoje 2043 anos de atividade; quando se fala em data precisa de sua fundação, os clérigos em atividade costumam dizer que sua história transcende a própria história e que somente através dos olhos da fé é que se pode enxergar claramente sua trajetória e seus pilares de fundação; uma alusão clara de que Deus mandou Jesus, que escolheu Simão para ser Pedro e que a partir dele é que tudo começou de forma organizada.
Organizada como hoje está a Igreja Católica Apostólica Romana afirma que seus fundadores são Pedro e Paulo, mas Paulo em suas missivas sempre descreveu a igreja como um mistério e pelo que se pode ler em Efésios e Mateus, não havia indicação de santuários comuns; sequer a possibilidade de haver. Isso porque, naquele tempo, com uma perseguição tamanha a quem afirmasse ser seguidor de Jesus Cristo, era humanamente impossível se criar um local próprio para reuniões cristãs em terras de Roma, fosse da Gália a Terra Santa. O que pode ter havido com certeza foram às inúmeras reuniões secretas entre Jesus Cristo e seus apóstolos, nos mais variados locais, tidos como misteriosos, tanto em localização, quanto em conteúdo discutido, para que as decisões e discussões não vazassem de forma pública, o que comprometeria visivelmente o futuro de cada participante.
Como tudo que é proibido também é curioso, as organizações cristãs foram maciçamente massacradas por quase todos os imperadores romanos por mais de três séculos seguidos; o único culto que alguém poderia prestar de adoração era ao Cesar, ou Imperador; tudo que fosse contrário aos interesses de Roma, era tido como uma ameaça e estas pessoas normalmente eram servidas aos leões e tigres que faziam a festa no Coliseu. Os que tinham mais sorte ficam como escravos ou eram mantidos presos e foi a partir destas atrocidades cometidas contra os cristãos que pode ter nascido o rancor e o medo da derrocada.
Um grupo de doze apóstolos mais um punhado de seguidores de Jesus Cristo; conseguiram não deixar morrer a história daquele que se afirmava o Filho de Deus e mesmo tendo passado tantos anos, conseguiram expandir os milagres de Jesus de pai para filho, geração pós-geração. Aquelas primeiras pessoas encontraram solo fértil para que algo de muito grande ocorresse, pois o povo mais pobre, como não mudou até hoje, carecia de apoio do Estado e somente o milagre da religião para poder salvá-los; se de um lado havia outros dois profetas salvadores, Jesus Cristo poderia e foi o terceiro e um dos mais fortes.
Eis que então se chega ao tempo em que aqueles seguidores da fé cristã começavam a fazer a diferença e alguns poderosos começaram a perceber que aquele povo poderia ser necessário em seus planos; muitos perseguidores romanos ainda estavam vivos quando viram os cristãos serem não só tolerados, mas também como foram exigidos; durante os reinados de Constantino e Teodósio, o amigo de Deus. A religião precisava estar organizada e seus líderes necessitavam de credenciais do Estado que lhes dessem a permissão inequívoca para se fortalecerem. Para se redimirem de séculos de mortes e terem aqueles cristãos como amigos, Roma finalmente permitiu que a igreja se edificasse e passou a dá-la proteção.
Somente durante os séculos IV e V foram que os “padres”, quase como enxergamos hoje, começaram a ser indicados. Esta época dourada para a fé cristã foi quando seus clérigos começaram a reunir muito dinheiro e poder; grandes mentes passaram pela Santa Sé e deixaram rastos claros de suas impendentes mudanças, como “São Bento”, o criador dos mosteiros e das regras mais açuladas. A religião precisava angariar mais dinheiro e mais Poder, para que seus missionários ganhassem o mundo e a palavra temida de Jesus Cristo pudesse conseguir mais asseclas; basicamente o que faz atualmente Edir Macedo em sua cruzada contemporânea. Não há a menor possibilidade de expansão religiosa sem a aparência e sem o temor do inferno. Este foi o tempo das primeiras construções suntuosas e da disseminação do medo ao demônio, pois quem não freqüentasse os templos e não doasse suas fortunas, não seriam salvos e o pior, poderiam ser julgados hereges e terem adiantado seu encontro com as forças do mal. Numa época onde praticamente tudo eram proibido e limitado, quem poderia suportar tais afirmações?
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Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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