Uma Gelada Observação
Metade de julho, se aproxima do meu aniversário: Tem feito frio e calor alternadamente na cidade, eu não sei se é certo as coisas serem assim, mas é natural. Deixe a Natureza com suas crises sentimentais. Verdade é que ela tem agido como uma adolescente que não sabe o que quer, mas todos tem seus momentos assim.
20° graus ontem, 5° hoje, um pouco de sol até metade do dia, nuvens negras, chuva ao final da tarde. Que mania de invenção. Se ventar a noite inteira alguns postes de luz terão de cair, umas arvores irão ceder, telhas irão voar; mas porque eu gosto do vento? Desse vento que derruba as casas, mas que me acerta como um soco no rosto. Tão boa é a sensação de uma brisa gelada na cara, bem mais que o morno calor de um bafo de verão, que não se sabe daonde vem, se é do asfalto ou das pessoas. O frio é ambíguo.
Vou aniversariar pela décima nona vez, estou somando mais um dígito no meu registro. Um pouco mais de mim vai morrer cedo, outro pouco vai nascer. 19 anos. Nem é uma idade tão ruim assim, mas não me sinto um cara de 19 anos, também não me sinto um de 30, nem um de 15.
Eu sou a Natureza, oscilando em crises existenciais, adolescentes, destelhando casas, socando rostos poéticos; amortecido de inverno.