KIRIMURÊ

Eu nunca consegui compreender porque aquelas pessoas que sempre se dizem experts em Bahia dizem que o nome indígena da Baía de Todos os Santos é KIRIMURÊ. Com os meus razoáveis conhecimentos do abá-nhe’enga (tupi), língua falada pelos tupinambá, que sempre habitaram o Recôncavo Baiano (aquela região “côncava” que contorna a referida baía). Observei que esta palavra não possui raiz alguma proveniente das línguas da família tupiguarani, portanto não teria nada a ver com o tema e em toda a minha vida soube que a verdadeira denominação da baía em tupi era “Paragûasu” (caudal grande), nome que também foi apelidada a esposa de Karamuru, Catarina Paragûasu, a "mãezona de todos os baianos".

Pesquisando Theodoro Sampaio, descobri o seguinte: “QUINIMURAS, nome que alguns escritores tomam como apelido de uma nação do gentio da Bahia, no século XVI. Em verdade, nada é do que a errônea do nome Caramuru, que alguns franceses daquele tempo escreviam Quinimure. Veja-se A. Thevet – Singularitez”.

Portanto, KIRIMURÊ nada mais é do que uma grafia errada “a la francesa” da palavra “Karamuru”, portanto, nada tendo de relação com a baía.

É triste verificar que muitas pessoas de maneira simplória se arvoram a dar dar explicações sobre as coisas da nossa Bahia sem a devida pesquisa e como consequência observamos quão ridículas essas explicações ficam para aqueles que conhecem a realidade dos fatos.