Cálice de amor total a luz de velas...(BVIW)

Na meia luz da vela acesa admiro teu corpo esguio. E se é enquanto dorme que faço teu contorno suavemente com a ponta dos dedos, é depois do amor que desfruto da minha sensação de êxtase.

A taça ainda molhada do teu último vinho reluz à chama da vela. Minha boca ainda molhada do teu último beijo anseia pelos suspiros que me causaste a pouco. Boca que agora beija teu inerte corpo nu.

Mais do que das carícias que esta vela testemunhou, me despeço do teu gemido, da tua respiração quente ao pé do ouvido no instante máximo de teu frenesi.

E se antes os corpos se encostavam quentes a luz de uma única vela, agora ao ver-te assim com os olhos fechados depois desta tua entrega, rendo-me à tua beleza eternizada em um único cálice daquele vinho.

Veneno pior foi o que eu bebi quando conheci teu riso sedutor. E hoje me encontro ainda bêbado deste amor enquanto queimo, na chama da vela, aquele teu bilhete de adeus.

Se para mim seria a última noite contigo, para ti seria o último suor. E é nos meus lençóis que ficará teu perfume. Assim, retribuo a gratidão de me ceder mais uma noite deixando-te jovem e linda para sempre.

E por amá-la tanto, manterei a vela acesa enquanto, em prece, peço que descanses em paz, meu amor.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 15/07/2010
Reeditado em 15/07/2010
Código do texto: T2378972
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