O Poder que eu queria ter

Outro dia me falei de um Poder Natural que eu queria que existisse e que estivesse pronto a dominar. Continuo pensando nele e tentando, se não entendê-lo, pelo menos senti-lo ou concebê-lo na minha pequenez.

Já sei que este Poder é maior, é diferente do que chamam de instinto. Ele transcende a física, a lógica e o próprio Tempo. Ele tem que ter a magia de permitir a liberdade total e ao mesmo tempo a privacidade total de qualquer ser que o domine.

Sim, este Poder é dominável, no sentido de se poder usá-lo, fazer parte dele na verdade, usufruir seus limites inexistentes. Se não conseguirmos dominá-lo seremos meras vítimas dele sem nem saber. Culparemos o acaso, a má sorte, a melhor sorte dos outros, a incompreensão, o instinto alheio e as forças mundanas de falta de iniciativa, ambição e vontade.

Este Poder deve me permitir estar dentro de um avião em missão crítica para a humanidade e ao mesmo tempo estar em tua casa, conversando calmamente contigo ou olhando um nascer do Sol totalmente alheio ao conflito existencial.

Este Poder deve me permitir falar pouco e dizer tudo, sorrir sem mexer os lábios, ouvir sem estar presente.

Tenho tentado dominá-lo, mas ainda me falta a fé em mim mesmo.

Toda vez que tento eu mesmo me questiono se estou no caminho certo, se vou chegar lá e quando vou chegar. Esta ansiedade destrói minhas chances, me prende à terra, me coloca como espectador ao invés de ator e autor.

Não posso ter medo do que este Poder represente ou mesmo do que ele exija em pagamento. Voar e nunca mais aterrissar? Me afastar das crenças atuais que me dão alguma segurança?

Terei que ser corajoso, mesmo sabendo que não é preciso.

Afinal, se eu dominar este Poder, nada de REAL valor perderei.

George Wootton
Enviado por George Wootton em 15/07/2010
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