A prosperidade polemica do pequeno fazendeiro
        Não creio que exista um deus.
 
        Agora, mesmo que eu esteja errado, e se ele for realmente um Deus, dará muito mais valor aos atos, aos pensamentos, e aos comportamentos humanos e sociais, do que aos dogmas, crenças e rituais.
 
        Sempre digo aos meus filhos. Independente de vocês crerem ou não em deus, cuidem com muito carinho e dedicação de suas vidas. Ajam sempre com o equilíbrio do amor a mediar suas ações. Razão e ética sem Amor, são um pesado fardo para a humanidade.
 
        A razão pura, sem a intermediação do Amor, seria a ditadura do conhecimento. A ética, sem amor, seria a ditadura da obrigação.
 
        A razão aliada a ética sem Amor, levaria a uma vida fria, insípida e inodora. Vivê-la seria um ato rígido, mecânico, certinho, mas automático. Somente o AMOR dá motivos para que sejamos racionais, dando vida à razão, e nos permitindo enxergar nos outros nossa vida também.
 
        Somente o amor, faz com que a ética não seja uma simples obrigação comportamental, e nos faz ser unos com nosso comportamento, nos dando a certeza que nosso comportamento é importante, não somente para nós próprios, mas para toda a sociedade.
 
        Assim complemento aos meus filhos. Não colecionem bônus. Ajam de forma racional e ética, mas descubram dentro de vocês o verdadeiro amor universal e social.
 
        Uma vez contei uma estória aos meus filhos, e periodicamente lembro-os dela.
 
        Um grande proprietário de terras, exigente, mas justo e correto, dividiu suas posses em lotes e deu-os a pequenos fazendeiros para que cuidassem de sua propriedade, e a fizessem prosperar.
 
        A maioria absoluta dos pequenos fazendeiros, face ao grande poder do proprietário, cuidavam de suas terras com medo, e tinham sempre o cuidado de constantemente visitar o proprietário maior, em seu lar. Falavam abertamente que adoravam o seu superior, mas não guardavam a devida atenção com seu lote, nem com os colonos que lá labutavam
 
        Existia entretanto um ganhador de lote, que jamais visitou seu superior, falava inclusive que não necessitava do seu superior, e que era uma obrigação sua fazer prosperar sua terra e dar felicidade a todos os seus colonos. Assim, com trabalho e dedicação fez suas terras prosperarem e seus colonos viviam felizes. Ele chegava a comentar que sequer acreditava na necessidade deste grande proprietário.
 
        Um dia o grande proprietário passou a visitar todas as fazendas doadas, em pessoa. Chegando na fazenda daquele pequeno proprietário que jamais o havia visitado, ficou encantado com o ar de felicidade e de prosperidade que aquele lote havia alcançado.
 
        Chamando o pequeno proprietário ele perguntou. - Porque nunca me visitastes? Respondeu o pequeno proprietário: - porque não acreditava que existisses.
 
        - Porque não acreditavas que eu existisse, se todos falavam de minha existência.
 
        - Porque o senhor nunca se dignou a me dar evidencias reais de que existias. Muitos falam verdadeiros absurdos, e igualmente não acredito. Não me é suficiente acreditar em revelações ou em estórias.
 
        - Mas se não acreditavas em mim, porque cuidastes tão bem de minhas terras.
 
        - Fiz por respeito a natureza, por respeito aos colonos que merecem ter uma vida feliz. Fiz porque acredito na força do amor e no cuidado necessário com a nossa terra.
 
        O proprietário maior saiu dali feliz com o que viu.
 
        Por isso, lembro sempre aos meus filhos, façam das suas vidas um templo ao amor. Acreditem ou não em deus.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 14/07/2010
Reeditado em 14/07/2010
Código do texto: T2377677
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