o tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem
Este, com um olhar atônito e ao mesmo tempo apressado, preocupado em transmitir em tal simples gesto todo o pensamento por trás da resposta que seguia, lentamente abriu a boca, proferindo (ou melhor, enunciando) tais palavras de uma maneira que fosse tão inteligível que não deixasse a mínima dúvida da veracidade da informação: - não tenho tempo pra ninguém.
Dentre inúmeras conclusões que podemos tirar de tal afirmação, a mais importante, e me atrevo a dizer mais surpreendente, é o quanto o mundo está às avessas, considerando que o próprio tempo não tem tempo. Fascinante, não?
De fato, tudo não passa de uma metáfora, exemplificando nossa falta de tempo nos dias atuais. Quantas vezes deixamos de fazer algo por culpa do protagonista da nossa história? Nos deixamos levar pelo comodismo da sentença “Estou ocupado demais para isso”, interpretada como desculpa pela minha pessoa. É a natureza do ser humano se auto-flagelar, tornando o mundo num grande encontro de masoquistas (ou românticos, são praticamente iguais).
O que nos leva a pensar a respeito da razão de não querer fazer o que se quer fazer, e tal explicação é simples: somos preguiçosos pra caramba. Nos deixamos levar pela monotonia do dia-a-dia, porque não temos o mínimo de vontade de tentar mudar essa rotina, nos entregamos tão facilmente, que se D.Pedro fosse como nós, o Brasil ainda seria colônia. Não sou diferente, sou ainda mais preguiçoso que vocês, já que ao invés de tentar correr atrás de algo útil, continuo escrevendo. E o tempo, continua rindo de mim.