dizem que é tudo uma questão de ponto de vista
Ponto de vista era um cara legal. Trabalhador, responsável, extremamente decidido. Bem, nem sempre tão decidido assim, porém tinha um trabalho importante: ele decidia a opinião de todo mundo.
No começo ele realizava suas tarefas na mais perfeita perfeição: escolhia a opinião apropriada para cada tipo de pessoa, sempre se baseando em crenças, preposições e caras ou coroas. Todos aceitavam suas opiniões, se agarravam a elas, viviam e morriam com elas.
O tempo foi passando, e as pessoas começaram a se tornar mais teimosas ao aceitarem opiniões, começaram a questionar Ponto de vista a respeito do porquê da escolha, e da onde ele havia tirado que o relacionamento gay seria aceitável.
Ponto de vista não entendia a mudança repentina de personalidade do mundo, afinal, ele sempre escolhera o que cada um pensaria. Talvez fosse a evolução, opinião que ele teimava em sempre decidir na cara ou coroa. Começou a questionar a si mesmo sobre as decisões, sobre a importância daquele trabalho e de como as pessoas preferiam as mesmas opiniões das outras pessoas. Tal preferência diminuía o trabalho de Ponto de vista, há um ponto em que ele precisava decidir apenas o sabor favorito de sorvete de cada um.
Chegou um momento em que ele não aguentava mais o tédio de seu trabalho e se demitiu. Virou taxista, ou qualquer outra profissão com 7 letras terminada em vogal. Diziam que era inevitável, apenas uma questão de tempo. Tempo era outro cara…