FIBRAS DA ALMA.

Ela sempre gritava no papel,confidente mais fiel e silente,que

sabia (a)guardar segredos e secretos desejos.

Sua voz/vez/traço/compasso/caneta dos sentimentos e sentidos (ir)refletidos.

Sempre pensava ser aquela a última página de um livro que estava sendo gestado havia muitas estações.

Mas a voz/letra que sempre ouvia/lia/escrevia,precisava manchar a folha imaculada,desvirginando suas fibras, deixando marcas/rastros, como as que restam nos lençóis dos amantes,como que para eternizar o ato/fato consumado.

Ficam a cor/a dor, o som/silêncio/riso e lágrimas, tudo se reflete no papel.

Fica no mundo de Mercúrio ou Vênus e no céu vai despontando e arranhando as fibras do que já foi tronco e raíz e agora folhas,fibras de papel/fibras da alma.

Tenta buscar explicações que não precisa,soluções que soluçando

dispensa,confusões que apazigua sem lutar.

Quer mais é olho no olho,ouvido/boca/voz/arrepio/sussuro.

Quer mais é sorriso/beijo/papo furado,cerveja gelada/mesa de bar,

mar colorido/e,balo na rede " matar a sede na saliva"!

Deseja ardentemente descansar os pensamentos,desleixar os cabelos/conceitos.

Quer da noite que chega festa/acalanto/corpo com corpo,calor que resfria a pele no antever da ebulição que chega com sabor de sorvete de cereja,ou " fruta mordida",mascada/melada.

Deseja sinalizar com beijos a saudade,disfarçar/dispensar a solidão.

Descobre que o tempo não pode deixar de brotar no alvo da folha...

... É apenas mais uma página que se não for de um livro, é da própria vida.

São muitas palavras que se juntam no verão/sol/noite/mar/chuva na vidraça/saudade/(re)encontro/ (re)encanto/enquanto,tanto...

São riscos /rabiscos e reticências de um sentimento que mistura desejo/cumplicidade,calor/frescor.

Ser não ser refletidos nas margens do tempo, que tal qual tela a ser

finalizada,aguarda silenciosa o próximo pincel/tonalidade/traço/passo ou amasso do autor que finge conduzir a vida com próprios lances de

enlevada embriaguez íntima,que por vezes,mesmo em meio a uma multidão se sente sozinho até encontrar na frase/oração/prece,uma gota homeopática de paz.

São muitas as palavras no papel...

Márcia Barcelos.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 14/07/2010
Código do texto: T2376880