Em cada pôr de sol...
Nem faixas com frases melosas em frente de tua casa; nem buquês de flores em tua porta; nem milhões de telemensagens ou anúncios em jornal; nem um cavalo branco para te buscar onde estiver; nem presentes caros; nem torpedos com frases feitas (e tolas) ao teu celular; nem cenas de ciúme; nem viagens; nem frases enfeitadas para teus ouvidos; nem uma comunidade no Orkut para falar de tua beleza; nem declamações do "Soneto da Fidelidade" (de Vinícius); nem elogiar teus olhos ou tua forma de caminhar; nem ficar ébrio com teu perfume; nem o trágico gesto de Romeu; nem um poema épico escrito para ti, nem me perder com teu beijar; nem um jantar à luz de velas; nem mesmo o meu nome e o teu envolto em um coração, esculpido numa árvore. Nada disso é amor.
Não existe amor no romantismo, nem tampouco no erotismo. No entanto, há romantismo e erotismo no amor. Em verdade, o amor existe é nos detalhes. Qualquer um é capaz de grandes feitos apaixonados (que são arroubos teatrais e, não, provas de amor). Mas, quem é capaz dos pequenos (e difíceis) gestos de amor? De provar com verdade e não com palavras, de viver o presente, sem iludir-se com o futuro ou lamentar-se do passado? O amor é uma força incrível, além de beijos ou malícias, presente em cada pôr-de-sol. Está na compreensão de que ninguém é perfeito. O amor está nas dificuldades do dia-a-dia, nas conquistas e derrotas, no silêncio a dois, na alegria de mínimos momentos, no deslizar de dedos pelos cabelos, nas sutilezas, nos olhares, na aflição da ausência, nas conquistas e derrotas, no cheiro, na música que faz lembrar algo bom. Por isso digo, que não estou à espera de um grande amor. Aos grandes amores, resta um grande fim, como o de Julieta: Chega o dia em que o romantismo cansa de mandar bombons e o fogo do erotismo se apaga. Então, prefiro um amorzinho, bem pequeno. Pequenininho. Consciente de sua própria finitude para que possa ser "eterno enquanto dure"...