Papo de elevador
Larissa Glass
Todo mundo fala que curitibano é um povo fechado, frio, que vive num mundo à parte dentro do Brasil. A Europa brasileira. Pois bem, é na hora de subir para o trabalho que discordo um pouco desta história ou no meu prédio não trabalha nenhum curitibano.
Adoro ficar ouvindo as conversa que rolam dentro do elevador. Trabalho no 12ª andar e sempre preciso me segurar para não dar risadas das coisas que escuto. A ascensorista é quase uma psicóloga, pois não é brincadeira o que tem de gente contando seus causos e casos e lhe pedindo conselho. E essa cena se repede, de manhã, na hora do almoço e durante a tarde.
O elevador também virou comércio e sempre tem alguém anunciando que está vendendo alguma coisa, ou procurando funcionário ( ah, foi assim que consegui o meu emprego lá).
Mas o que acho mais engraçado é observar as conversas paralelas, pois se tem sete pessoas no elevador , duas estão conversando sobre uma coisa, as outras sobre um assunto totalmente diferente. Eu fico ali olhando aquela cena que se repete sempre.
É claro que de vez em quando aparece um ou outro que tenta interagir com todo mundo, que sempre conta uma piadinha, ou fala sobre assuntos como tempo, o desastre da seleção na Copa... Aí o bicho pega porque todo mundo quer falar, opinar e, na hora de descer, é uma comédia porque sempre quem puxa o assunto desce primeiro e é nítida a vontade de continuar o papo que se iniciou ao entrar e se encerra pela metade.
Dentro daquelas quatro paredes, você escuta de tudo, histórias de como foi o final de semana, do relacionamento que terminou, dos peguetes da balada, dos problemas com o chefe, dos problemas em casa, histórias engraçadas, tristes, comoventes. Cenas engraçadas você acaba presenciando, como o tiozinho que chegou bancando pinta porque ele sabia como ser um cavaleiro de verdade e ficou falando e falando sobre seu cavaleirismo até derrubar metade do copo de café na ascensorista que ficou toda sem jeito, mas deu um jeito de contornar a situação.
O elevador do meu prédio é um mundo à parte na cidade de Curitiba, onde dificilmente você irá subir sem ouvir uma boa conversa e uma história. E viva a interação nos elevadores.