Homem debaixo da pia

O homem debaixo da pia.

*Sozinho debaixo da pia/santo homem se cura/Do delito da sacristia/Sua alma se apura.

Naquele dia Tom acordou cantando suas musicas apaixonadas. Quase não tomara seu café, apenas sorriu para sua mulher, pernas no mundo e sumiu. Às vezes tinha estes repentes, que bicho homem acomete, quando em vez. O velho cão no terreiro apenas o seguiu até o portão e se assustou, quando este bateu forte. Não estava bravo, nem triste apenas cantarolava,voava e assobiava suas musicas. E assim seu vulto magrelo sumiu naquela rua de pedras de casas semelhantes.

Tom passou pelos bares e não se quedou a primeira do dia, nem aos convites saídos do bar. Seguia resoluto na sua caminhada para lugar nenhum entre ruas e ladeiras. Parou em frente à igreja se benzeu com o nome do pai, olhou para cima como se buscasse ver as mãos de Deus, mas apenas o sol forte a lhe queimar as vistas, agora protegidas pelas mãos. Não viu aquele tradicional cego com seu pandeiro a esmolar, nem o velho barrigudo padre que sempre pela manha ficava observando a passagem dos fieis.

Deu a volta pelo lado esquerdo da igreja, onde tem um cemiterio para padres. Seguiu em direção a casa de moradia do padre, silenciosamente foi entrando,quando o gato o encarou como lhe condenando, maldito gato pensou o Tom, mas seguiu sob os olhos verdes daquele felino. Simulou bater palmas anunciando a chegada, mas ao ouvir sons vindos da igreja, mudou seu trajeto no sentido desta, quando percebeu, que uma mulher trajando preto e véu saía meio assustada da sacristia. Imaginou milhares de coisas que a cabeça humana e de homem possa imaginar sobre os padres, mas aos olhos de tanto santos naquele lugar, deu uma engolida seca e foi entrando.

Ao chegar sentiu um cheiro forte de álcool espalhado pelo ar, andando pouco mais observou caídas umas garrafas rotuladas vinho do padre. Sem entender ao certo pensou, que poderia ter havido algum tipo de roubo, mas aquela mulher apenas saiu apressada não carregava nada, apenas o véu a lhe cobrir parte do rosto. Não vendo movimentos de pessoas passou a verificar o lugar, quando se viu na sacristia. Circulou, olhou e não vendo nada, preparava para sair, quando ouviu uma espécie de ronco. Voltou-se como identificar de onde saía tal coisa. Chamou pelo nome do padre e não obteve respostas. Homem macho, bravo não se intimidou.

Quando se preparava para sair, encontrou o padre, que vinha com cestas de verduras frescas doadas por algum fiel, correu a seu encontro, fez suas reverencias e logo disse, que algo estranho havia acontecido na sacristia, que exalava cheiro de álcool e tinha uma garrafa caída no chão, mas não falou da figura da mulher.

Rapidamente os dois se dirigiram para o local, quando novamente o som do ronco se ouviu, Tom tremeu como vara verde e deu uma parada como carro freado bruscamente, mas o padre seguro no crucifixo, logo gritou bravamente, que se fosse o demo, que se afastasse em nome do Pai. Mas sem resposta ou outro tipo de repulsa, circularam pela sacristia,quando perceberam, que debaixo da pia estava o sacristão a dormir como uma criança. Ao seu lado uma garrafa do vinho. Tom balançou a cabeça em sinal de incredulidade, pensou naquela mulher e nada disse, pediu bênçãos ao padre e seguiu sua caminhada assobiando a canção Cachaça Mecanica de Erasmo Carlos/RC, como se nada houvera acontecido.

Quem era a mulher?

Ninguém sabia, ninguém viu. Mas o Tom teve a infeliz idéia de segredar a uma candinha da cidade o que vira. Assim o que sabe naquela cidade das Minas tão Gerais, que depois deste fato o sacristão fora internado numa clinica em Barbacena, mas a candinha espalhou, que uma mulher loira solteirona, que havia morrido há muito tempo apaixonada pelo sacristão, havia voltado naquele dia,assim teria vindo seduzir o sacrsitão e tomaram todo o estoque do vinho da igreja.

*Inspirado nesta interação de trova postada (Código de texto T2312300) pelo magnífico Roberto Rego, na qual fiz a interação referida.

Obrigado Roberto por esta inspiração.

Comentario emocionante e explendido da: Celêdian Assis

Não quero jamais que estas cenas se tornem naturais aos meus olhos e de toda a sociedade. Não quero apenas apiedar-me das mazelas, mas indignar-me por elas. Não quero um país refém da violência e que nos tornemos prisioneiros da nossa própria negligência. Não quero tantas coisas e quero tantas outras. Quero crianças brincando livremente. Quero escola como local de aprendizado sadio e de segurança, onde os pais possam deixar seus filhos tranquilamete. Quero a paz reinando e a guerra entre os homens esquecida. Quero o poder de querer e assim mover-me, mesmo que seja como um grão de areia no deserto. Sei que o deserto só se formou porque reuniu ao longo do tempo, todos os grãos.

Toninhobira

12/07/2010

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 13/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2374858
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