Festival Islâmico-Cristão em Santarém (Portugal)

Teve lugar em Santarém, no primeiro fim de semana de Setembro, um evento cultural relevante pelo seu significado ao unir duas culturas trazendo de volta á cidade, as tradições culturais dos seus primitivos habitantes árabes, que embora vencidos pelos cristãos quando da reconquista da cidade por D. Afonso Henriques e seus guerreiros, aqui ficaram e se integrarem na nova cultura e mentalidade.

Foi essa integração e espírito de adaptação que passados cerca de 9 séculos, os novos dirigentes da cidade, quiseram destacar ao promoveram um festival que misturasse de maneira saudável pelas ruas e praças do centro histórico, representantes das actividades culturais e comerciais dos dois povos.

Assim na praça onde agora se situa a Igreja do Seminário que foi construída sobre as ruínas do antigo paço real, próximo á porta antiga de Leiria, teve lugar o mercado cristão e vários espectáculos de teatro e outros espectáculos medievais.

Avançando pela Rua Direita que era a principal rua da cidade medieval, chegamos a uma praça onde tinha lugar o acampamento militar, onde em tendas de campanha, guerreiros equipados a rigor, mostravam as armas, e vestuários usados nas batalhas, como cotas de malha e capacetes militares e praticavam tiro ao alvo e torneios medievais.

Avançando em direcção ao antigo castelo, chegávamos a outra praça junto á actual Igreja de Marvila, onde no tempo da ocupação árabe se pensa, estaria situada a antiga mesquita e aí a animação era bem maior, pois que os árabes estavam de volta!

Tinha lugar um animado mercado, chamado Zoco á volta do antigo espaço religioso, onde se podia encontrar desde chá de hortelã, a sumos de menta, bolinhos tradicionais, tecidos, jóias, livros e outros artigos tradicionais.

Por sobre tudo a música tocada no palco a um canto da praça, onde uma bailarina se requebrava sensualmente, evocando as danças das mil e uma noites.

Também em simultâneo, houve lugar a conferências, sobre a importância da cultura islâmica e sua permanência no nosso país e em Espanha, onde talvez pela proximidade geográfica, ou pela maior permanência dos árabes no território, se mantêm mais vivas as influências culturais.

Enfim foi um mergulho no passado, vivido no presente e que recordou os tempos primitivos da cidade, que reviveram na alma e no espírito dos seus habitantes e visitantes, através das memórias guardadas nos lugares onde outrora viveram e foram felizes.

Arlete Piedade

08/09/2006