EREMITAS DAS CIDADES

Disseram que viram um homem caminho pelo deserto... Um eremita? Talvez... Ou pura busca de solidão? Por quê?

Seria melhor viver em total reclusão, uma vez que se estivesse face a face com uma multidão que ignora sua presença. E hoje, isso nas grandes cidades é eminente: a correria incessante pela própria sobrevivência não deixa que notemos os que estão a nossa volta.

Homens estendem as mãos: cegos, paraplégicos, surdos, mudos, aidéticos... E sangram nas esquinas, a qualquer hora do dia. Quem se habilita a parar e socorrer o atropelado? - Vou chegar atrasado!

E as famílias? Que se esfarelam com poucos meses de existência: filhos sentindo a dor da perda, conseqüência da falta de amor ou do tempo para amar...

E os homens continuam estendendo as mãos: trapaceiros e bêbados...

E sangram nas esquinas... Estupradores, traficantes, assassinos...

E o amor diminui nos corações: falta de fraternidade ou simples precaução?

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 12/07/2010
Código do texto: T2373456
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