Sua voz parte para o silêncio
De fato,não ouso dizer-lhe que fique.Pequenos lampejos,remotas possibilidades,paixão parcamente vivida...ceifam o ânimo,estancam o fluxo e a sede e me tornam uma estátua de cansaço.Ter opções,contudo não escolher concretamente, caçar e fugir-paradoxos a desconcertar sementes,retalhar horas,impedir a dança das manhãs,dos amanhãs.Nesse oceano de dubiedades onde você se enclausura e mumifica-se, a canção da vida é sonegada,os passos são rasgados,versos quebram-se e emoções esvaem-se.Sua sombra tresloucadamente insiste,mas minhas lembranças, de boca aberta, respiram dificultosamente.Reúno os nossos cacos espalhados por um arquipélago de paradigmas e consciente do meu não direito de retrucar, respeito.Encarcere os desejos,deixe as palavras mudas na mesa.Seu cheiro sairá do meu travesseiro,os cachorros reerguerão orelhas,pedras,sons e sonhos voltarão a fazer desenhos.Já é tempo de deixar o ar se afogar,afinal “não vou ficar até o fim do dia decorando tua geografia”.
Começo do fim...
O Fim.
Salvador,2007///Para uma ex musa.
Eduardo Teles