O "Forrest Gump" Poçõense

Sempre tive vontade de escrever as minhas andanças e histórias vividas ao longo de mais de 30 anos de viagens – assim farei. Penso que este exercício público de expor estórias é de uma responsabilidade imensurável, principalmente quando o mundo está abarrotado de excelentes escritores, aparece alguém desenterrando velhos arquivos de lembranças e rascunhos de assuntos anotados no dia-a-dia. Mas, não reclamo: “quem vai pra chuva, vai pra se molhar”.

Então, voltando a apresentação, melhor mesmo é dizer pra vocês onde me ligo à Terra do Divino. Nunca anotei, mas acho que não deixei de falar ou pensar nela um dia sequer. Não é simplesmente dizer: nasci em Poções!

Lá na 36ª secção eleitoral no Grupo Escolar Alexandre Porfírio tenho o meu direito de votar. Um lugar especial porque foi onde estudei o curso primário. Votar ali traz uma lembrança inestimável.

Dificilmente deixo de ir à Festa do Divino Espirito Santo. Na chegada das Bandeiras, de cima do cavalo, me emociono com a demonstração de fé do nosso povo e, depois, com a devoção dos moradores da Lapinha na hora do mastro. Agarrados a ele [mastro], vamos nós - eu, Jorge de Ucha e os meninos de Maneca. - De ponta a ponta, como a gente diz, da Lapinha à Igrejinha!

Mais para o passado. Estudei na Escola União das Classes, que funcionou no antigo Clube Social e, depois, na Maçonaria, com a Profª Deusdinéa. Fiz banca com Dona Zirinha. Estudei no Centro Educacional de Poções e fui aluno de Dr. Irundy, Noélia, Glorinha, Renam, Pepetinha, Tereza e Beatriz Martins, Élia França, Sargento Severino e tantos outros. Lembrar que, naquela época, se cantava o hino Nacional e estudávamos Educação Moral e Cívica - EMC.

Marchávamos nas paradas de 7 de setembro. Uma vez, resolvi tocar corneta na banda de música e, de tanto treinar, feri a boca e fiquei de fora no dia da parada. Fiz parte da gloriosa quarta série, que marcou época e comemorou 30 anos em 2000.

Fiz o catecismo com Dona Fetinha e estudei Religião com tia Stella Schettini. Fui coroinha em companhia de Tonhe Gordo e viajamos com o Padre Honorato pelo interior do município em uma novíssima DKW -Vemaguete.

Tenho muitos amigos e alguns se foram, deixando grandes lembranças. Não sei se dei sorte ou azar, mas nunca tomei banho no açude. Minha infância foi na rua da Itália com os meninos de Seo Dôca, Zé Marinho, Remo, Nandim. Catei gabiraba na estrada da Cachoeirinha. Joguei bola "nas grama”. Torcia pelo Atlético de Tonhe Luz e fui reserva de lateral direito no time de Aziz, o Cruzeiro.

Sou irmão de Michele, Pepponi e Elisa. Filho de Dona Ana e do eterno e sempre presente “seo Chico” Sangiovanni. Sou casado com Bete “uma poçõense” Moitinho Fagundes. Temos dois filhos. Carla, estudante de Direito, e Ricardo - Jornalista.

Nego Rege e Marão me conhecem como Bebé Chorão. Mufula diz que sou filho de Chico Sarno (nada a ver um Chico com o outro).

Defendo uma melhor posição geográfica para a nossa cidade. Quando me perguntam se Poções é aquela cidade entre Jequié e Conquista, de pronto respondo: - Não, Jequié fica antes de Poções e Conquista fica depois de Poções.

Um dia, me ligaram de São Paulo pra dizer que viram os gols do time do Poções no Fantástico. Quer melhor?

Luiz Sangiovanni
Enviado por Luiz Sangiovanni em 10/09/2006
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T237225