Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XV) - Final da Copa: Pelé, Paul, o polvo e, a vitória da seleção da Espanha...

Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XV) - Final da Copa: Pelé, Paul, o polvo e, a vitória da seleção da Espanha...

Às vesperas das finais da Copa do Mundo, as supostas previsões da pitonisa do aquário "Sea Life", da cidade de Oberhausen, Alemanha, Paul, o polvo, virou um tremendo hit mundial. Ao que parece, o bicho acertou todas as previsões.

Mas, quem leu minhas crônicas anteriores já sabe que eu cantei a pedra antes de todo mundo: Paul é um polvo e não tem idéia do que seja esporte, previsão ou aposta. Tudo o que ele entende é que tem que atender ao exigente relógio de seu estômago, para sobreviver. Assim, sempre que lhe servem comida, trata de comer. Se lhe oferecem dois recipientes diferentes, escolhe infalivelmente o recipiente da direita, para começar a consumir sua dieta.

Porque ele escolhe sempre o recipiente da direita? Tenho os meus palpites: a luz, alguma fonte de calor, disposição dos objetos, alteração do sabor da comida do recipiente da esquerda, ou longo tempo de adestramento. Pessoalmente, aposto nestas duas últimas - e na malandragem decorrente.

O tratador de Paul ou quem quer que seja que escolha e coloque as bandeirinhas no recipiente da direita do aquário do polvo, ainda que não tenha consciência disso, bem ao contrário de Mick Jagger e Lula, é um tremendo pé quente e, devia, por isso mesmo, jogar uns Euros na loteria toda semana.

Dos profissionais da área futebolística no Brasil, somente o rei Pelé acertou na opinião sobre a seleção vencedora da Copa do Mundo, depois de sofrer a habitual crítica. Mas, é claro, ele é tri-campeão do mundo, foi eleito o atleta do século passado, fez mais de mil gols e, depois de uma longeva carreira, continua a ser um sujeito respeitado. Sendo quem é, será muito capaz de estender o magnânimo perdão imperial a todos os seus infortunados críticos.

Porque falei tanto de Paul, o polvo, e relembrei as glórias de Pelé? Porque, francamente, sobre o jogo da final da Copa do Mundo da África do Sul, não há muito a dizer - a não ser que ela foi decepcionante. Faltou tudo o que se espera do bom futebol: jogos inesquecíveis, jogadores brilhantes, e por aí vai...

O jogo de disputa pelo terceiro lugar, entre a seleção alemã e a "celeste", foi dos bons. O jogo da final entre a "Fúria" e a seleção holandesa, entretanto, foi triste, de ruim, à parte a violência incabível e, exacerbada, exibida pela seleção holandesa.

De fato, a seleção da Holanda, nem de longe parecia aquela que vinha jogando anteriormente. Parecia que estava tomada por um leve desespero, coisa de jogo de decisão. Nada! Estava mesmo, é desesperada. Tentou fazer o joguinho de nervos e cai-cai, que deu certo contra o Brasil. Mas, logo se viu que seus jogadores estavam com as emoções à flor da pele e, acabou exibindo em campo um jogo pobre de qualidade, indigno e, vergonhoso, nos lances violentos, que se sucederam, ao longo da partida.

A seleção espanhola tentou o jogo elegante e aplicado, mas não conseguiu, pois também apresentou um futebol fraquinho e, em muitos momentos, foi envolvida emocionalmente pelos oponentes e, devolveu a violência gratuíta e sem sentido. O gol consagrador só aconteceu aos 12 minutos do tempo de prorrogação, depois de uma atuação em campo, que em certa medida lembrou aquela da Holanda contra o Brasil...

Em parte, o que se viu na final resume bem o que foi esta Copa do Mundo, em termos de futebol: pouco acima do razoável. E sendo assim, o que dizer das participações das seleções latino-americanas e, especialmente do Brasil? Em minha opinião, a performance da seleção canarinho, foi, em todos os sentidos,decepcionante e lamentável, onde pontuaram a arrogância do técnico contratado pela CBF - o inexperiente Dunga e, a já conhecida ausência de um compromisso mais firme dos jogadores com a camisa amarela.

De qualquer forma, sendo um torcedor, não posso cumprir ao dever de saudar a seleção pela sua campanha e vitória, pois o que esta equipe fez não foi pouco - depois de estreiar com uma derrota, ela deu a volta por cima, superou a urucubaca da classificação para as finais e, chegou enfim, ao sonhado título. Grande, grande!

E volto a um assunto que está agora, sob fogo morto: aquele lero-lero de que o número exagerado de jogadores estrangeiros nas equipes européias estaraia causando a alegada derrocada da qualidade do futebol nativo, diante do resultado do torneio, a partir das quartas de finais, não subsiste.

Assim, creio que seja lícito indagar se, por trás dessa argumentação, não está presente o espírito do xenofobismo que assola a Europa, atualmente? É questão de tempo, para se saber...

E não posso deixar passar em branco: como explicar a vexatória ausência do presidente da república no jogo da final, representando o país que será o anfitrião da próxima Copa do Mundo? O seu alegado cansaço não foi óbice para a visita e prestígio de mais um ditador, o Sr. Teodoro Obiang Nguema, cujo governo, que se originou de um golpe de Estado, se impõe a 31 anos sobre a combalida Guiné Equatorial, tendo por resultado, a contínua violação de direitos humanos, o perseguição da oposição ao governo e, evidentemente, o incrível enriquecimento do mandatário (e desmandatário) da nação...

Dito isto e, diante do resultado da Copa do Mundo da África do Sul, o negócio, agora, é descansar os ouvidos do som chato das vuvuzelas, tentar esquecer as bobagens ditas sobre a bola usada no evento, guardar a lembrança da imagem alegre e comunicativa do povo sul-africano e, das belíssimas torcedoras presentes nas torcidas de todas as seleções (em especial as holandesas, é claro) e, ter em mente que a Copa de 2016 vai se realizar no Brasil, o que envolve o estabelecimento de uma infra-estrutura à altura das exigências da FIFA.

Sabendo que tal operação envolve dinheiro público e a ação dantesca dos nossos políticos e administradores públicos, sabemos que, antes de chegar à festa e o espetáculo de caráter mundial, assistiremos a um torneio diferente, disputado entre espertalhões, em torno da disputa pelo "controle" dos suados recursos financeiros oriundos dos bolsos do contribuinte.

O presidente da FIFA já avisou que o Brasil precisa melhorar muito, em relação aos compromissos assumidos com a entidade.

Os sinais emitidos até agora, ao contrário do que se espera, são preocupantes: em São Paulo, a coisa empacou - o governo do Estado e a prefeitura paulistana já avisaram que não vão comparecer com a bolsa, em lugar de particulares (isto é, o São Paulo Futebol Clube). No Paraná, algo parecido aconteceu, pois a prefeitura de Curitiba também já avisou que não pode cumprir os rombudos custos com as obras públicas exigidas...

Mas, isto já é outro assunto. As minhas primeiras impressões sobre este assunto, aliás, estão no artigo que você encontra no link abaixo:

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2238420

Em tempo, não posso deixar de agradecer a todos aqueles que acompanharam e comentaram as crônicas do meu diário sobre a Copa do Mundo de 2010. Valeu - muito grato a todos!

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Em 12.07.2010 - acabo de assistir no YouTube, o vídeo que divulga o país da próxima sede da Copa do Mundo e exibe a sua logomarca.

Duas coisas a dizer: a idéia por trás da logomarca é muito deselegante com a comunidade de seleções eventualmente participantes, pois ao final do vídeo, mãos verdes e amarelas aparecem e, envolvem o trofeu da Copa, dando a impressão de que vamos realizar um torneio apenas para que a nossa seleção se sobressaia diante das demais e os vença, gozando do conforto de ser a sede da copa.

Todos nós sabemos ao que levará a insistência nesse comportamento abusado...

E... que logamarca feiosa, hein? Mas, suponho que o gênio que a criou, ganhou um bom dinheiro da CBF, para criá-la.