Onze de julho de 2010
Lembro de como todo aquele corpo pequeno e frágil arrepiava ao simples toque de uma capa. Ainda nem aprendera os fonemas ou o significado daqueles símbolos, mas sentia forte o fascínio queimando em mim. Virava páginas vidradas mesmo sem ser capaz de absorver seu conteúdo. Sabia que ali jazia um mundo inteiro silencioso e paciente. E eu queria explorá-lo; explorar todos eles. Um por um com o mesmo cauteloso carinho e admiração. Criou-se um laço de tal maneira que suas personagens eram minhas personagens e suas lembranças também me pertenciam agora. Cenas que me são estimuladas de fato perpetuam em minha memória. Com o tempo, aprendi que além de mundos, entre a capa e a contra capa também haviam discursos com os quais podia argumentar. Rebater, discordar, repensar, chegar num acordo. Há muito a me ensinar e dissecar minha própria pessoa em meio a tantas palavras. É um ato de coragem. Me expõe; me mostra nua em tantos nomes e características. Enrubesço enquanto reconheço e me conheço. É uma troca surreal. Te dou umas poucas doses de atenção e cuidado e você se abre pra mim assim, todo complacente. Mostrando mais possibilidades que o tangível fornece e mais realidade que meus olhos são capazes de captar. E é por isso que continuo em busca de todos vocês e agradeço. Cada sílaba, verbo, adjetivo que me encaminhou ao agora. E é por isso que nutro essa paixão enlouquecida e devota a você. A vocês.
(A todos os amantes da leitura, que encontram nos livros mais que um mero passatempo)