MODA ANTIGA

Senhoras como minha avó e tias-avós, que eu achava bem velhinhas, quase sempre vestiam-se de cinza ou preto. Usavam saias retas que desciam abaixo dos joelhos e blusas com bordados e rendinhas na gola ou nos punhos. Em ocasiões importantes trajavam taier bem confeccionado. Vovó tinha chapéus guardados em caixas, não os usava mais e eu gostava de remexer neles. Ficava imaginando mistérios através dos veuzinhos que cobriam os olhos...

As jovens andavam com vestidos retos, pregueados, franzidos ou plissados, sempre com a cintura bem marcada por cinturões de elástico. No verão, deixavam parte das costas à mostra, no modelito frente-única.

Em bailes, saias godê guarda-chuva abriam-se em enorme roda acompanhando os passos das dançarinas.

Na piscina do clube algumas moças sentavam-se ao sol e outras nadavam, todas com maiôs tomara-que-caia, inspirados em modelos dos concursos de Miss Brasil. Ou naqueles das atrizes americanas, como víamos nas fotos da Revista Cruzeiro.

Longe da praia nenhuma mulher andava de short nem de calça comprida, apropriados para o litoral, onde usava-se também a saída de banho. Felpuda, com mangas largas e faixa na cintura.

Quem confeccionava o guarda-roupa das senhoras, senhoritas e meninas eram as costureiras, que tinham muito trabalho naquela época. Além dos vestidos, saias e blusas, também faziam combinações, anáguas e até calcinhas. Trajes mais elegantes, para grandes ocasiões, eram entregues às modistas.

Dona Noêmia, a mais requisitada aqui da cidade, tinha mãos de fada e conhecia a fundo a arte da costura.

Dizem as más línguas que ela fazia também maiôs copiados de figurinos estrangeiros e pregava neles etiquetas com dizeres em francês. Vendia-os como se fossem importados...