Minha mãe, Helena, faleceu há quase dez anos. Tínhamos uma ligação muito forte, éramos amigas inseparáveis. Nos anos finais de sua vida quase que diariamente passava por lá, nos falamos duas, três vezes por dia por telefone.
Nestas últimas semanas tenho pensando muito nela, boas recordações e num período que estive com problemas de saúde sentia sua presença junto a mim.
Hoje, procurando um texto em meu arquivo, encontrei uma carta que enviei ao hospital em que ela faleceu. Especialmente para elogiar um funcionário que foi um ser humano especial em um momento de grande tristeza para mim.
Divido com vocês a experiência vivenciada com alegria de constatar que existem muitas pessoas especiais e que fazem à diferença num mundo tão carente de valores.

 
Rio de Janeiro, 07 de Fevereiro de 2001.
 
Ao Hospital de Clínicas Dr. Balbino
N E S T A
 
 
Durante os últimos cinco anos estive com minha mãe, Maria Helena Ribeiro de Jesus, algumas vezes em consultas médicas e no último ano três vezes internada neste hospital.
Na última internação, onde ela precisou fazer duas cirurgias, estivemos um maior tempo em contato com os funcionários de apoio da portaria. Eu e minha família observávamos a presteza e a delicadeza no atendimento a cada paciente que chegava.
Gostaríamos de agradecer a toda equipe desta clínica ressaltando o pessoal de apoio que muito contribui para o bom desempenho a nível de equipe do hospital.
No dia 27 de janeiro minha mãe faleceu e diante da impossibilidade de vesti-la sozinha, já que a funerária não fazia este serviço, procurei informações se havia no hospital algum profissional para esse tipo de tarefa. E diante da informação negativa pude constatar a boa vontade do funcionário Joel do setor de emergência.
Importante ressaltar que o Sr. Joel não somente ajudou-me no aspecto físico, mas principalmente no aspecto psicológico.
Ao encontrar dificuldade em vesti-la, com o vestido que ela dizia que queria ser enterrada, sugeri que cortássemos a parte traseira para que pudéssemos vesti-lo mais facilmente. Surpreendentemente o Sr. Joel falou-me: “Era o vestido que ela gostava? Então não vamos cortar.” E com muita paciência e carinho conseguimos realizar o nosso objetivo.
Luciano de Crescenzo afirmou que “SOMOS TODOS ANJOS COM UMA ASA SÓ. E SÓ PODEMOS VOAR QUANDO ABRAÇADOS UNS AOS OUTROS.”
Sr. Joel, naquele momento de dor, pude sentir que você não era somente o anjo que me ajudava a voar, mas que o fez com carinho, dedicação e muita dignidade.
A toda equipe o nosso agradecimento e ao Sr. Joel, em especial, a certeza da minha gratidão.
Com o meu carinho,

Regina Coeli de Jesus de Carvalho e família