"Cada rosto é um espelho"
“Cada rosto é um espelho”
Mª Gomes de Almeida
Embora julho ainda esteja em seus primeiros dias, eu já viajei, já retornei. Não sou muito dada ficar dias fora de casa, comigo é jogo rápido, visito, bato pernas, faço minhas comprinhas e quero logo voltar pra casa, sinto falta de algumas coisas que só em nossa casa temos. Claro que não citá-los aqui, já que cada um tem suas preferências.
Fui e voltei de ônibus.
Na ida curti cada pedaço da paisagem, ora verde, linda, aparentemente intacta, mas não. Ora seca, ardendo em chamas, triste realidade. Longas extensões de pastos, muitas cabeças de gados.
Lá. As pessoas! Só fui observá-las quando já aguardava a hora da minha partida de volta pra casa, passei longas horas observando cada rosto, cada corpo. Homens, mulheres, crianças, jovens, os funcionários da estação, do terminal como eles chamam.
Como eu quis saber o que se passava pela cabeça de cada uma das milhares de pessoas que por ali circularam indo e vindo em busca das suas tão esperadas férias de julho.
Filas intermináveis! O que prometia horas e horas de espera.
Casais se despedindo, longos abraços na tentativa de prolongar o momento.
O calor quase insuportável dos corpos correndo, corridos para chegar ao destino. Lá dentro observei várias vezes 35°, às dezesseis horas e lá fora? O sol, o asfalto, os motores...
O que esperava aquelas pessoas todas.
Alguém que nunca vi antes se queixa que lhe fora roubado o celular.
Uma motorista (sei que é pelo uniforme que usa) pára em uma banca de revista lê uma por uma das capas ali expostas. Indecisa, sem pressa, agacha, levanta, procura o melhor ângulo se decide e entra. Não sei se comprou alguma revista. Distrai-me a observar outros transeuntes.
Em alguns rostos o estresse era nítido, outros como um grupo de negros lindos! Homens e mulheres cabelos vermelhos, roxos, negros, rastafári. Jovens lindos, uns oito em círculo não escondiam a ansiedade e alegria do embarque.
Funcionários que vão e que vem, uns tentando manter a limpeza outros preocupados com a segurança.
Pessoas trajadas muito a vontade, pequenos shorts, mini blusas. Outras muito apertadas, visivelmente desconfortáveis.
As rasteirinhas, os sapatos altíssimos, os tênis... alguns pés quase descalços.
Na volta. Já é noite só posso observar os faróis dos carros que vão e que vem, imagino famílias inteiras ali dentro, não pude observar seus rostos, seus corpos e tentar imaginar o que se passa em suas cabeças.
Simplesmente imaginar!
As essências, os temores, os sonhos, os desejos, os medos. Cada um é uma incógnita.
O dia já se levanta, e ali no horizonte posso ver a lua, nova, linda! E logo abaixo os primeiros vestígios do sol que esta nascendo. O céu... indescritível.
A mim resta torcer que as férias de tantos que vão e vêm sejam as mais lindas e inesquecíveis de tantas que virão.
E já estou em casa...