O Futebol e o Crime

O FUTEBOL E O CRIME

Jorge Linhaça

Nos últimos meses temos visto vários jogadores de futebol sairem do noticiário esportivo e passarem a frequentar as páginas policiais.

Coincidentemente, a maioria deles atletas do Flamengo,companheiros de time e de baladas com o crime organizado do Rio de Janeiro.

Verdade que a boa parte dos jogadores de futebol, assim como alguns artistas, especialmente pagodeiros,funkeiros ,rappers e outros, tem sua origem de vida ligada à periferia e às agora chamadas "comunidades" das grandes cidades.

A fama rápida, oriunda de sua atividade esportiva ou artística, raramente aliada a um amadurecimento ou orientação de pessoas idôneas, acaba por elevá-los a um patamar vip da comunidade, deixando-os em igualdade econômico-social com os líderes da criminalidade.

Festas regadas a àlcool, drogas e orgias sexuais, presentes no imaginário dos adolescentes dessas comunidades ( e de outros lugares também, a bem da verdade), passam a ser acessíveis por conta dos salários elevados auferidos de suas atividades esportivas ou artísticas.

Alguém ja disse uma vez que :" O maior desafio não é tirar o homem da favela, o verdadeiro desafio é tirar a favela do homem". Isso só acontece quando se coloca o homem em contato com valores diferentes e mais elevados e se consegue fazer com que ele os compreenda e deseje assimilar.

Não estou aqui buscando desculpar as atitudes dos "famosos" envolvidos com o submundo, apenas analisando as origens desse envolvimento.

Nem todos os que tem origem em áreas pobres economicamente , compactuam com esse tipo de coisa, independente de quanto progridam financeiramente ou não.

Há aqueles que , oriundos de classes mais abastadas praticam os mesmos delitos, como recentemente tivemos conhecimento do caso do filho de um dos diretores/proprietários da RBS de Sta Catarina, afiliada da rede Globo , ( "coincidentemente" a "Venus Platinada " não deu uma única linha sobre o caso em seus telejornais), acusado de estuprar , juntamente com dois colegas, um deles filho de delegado de polícia, uma garota de 13 anos. O mais incrível é que o garoto fala abertamente sobre o caso com colegas em sites de relacionamento e insinua que ficará impune quando ao ser perguntado por um colega se não tinha medo das consequências de seu ato responde..." Você está me tirando né ?" ( ou algo parecido com isso).

O sentimento de impunidade para quem tem dinheiro para pagar caros advogados neste país é tão forte que qualquer pessoa que tenha algum dinheiro, sente-se acima do bem e do mal.

A pergunta que fica sem resposta ,em relação à triste coincidência dos casos Adriano, Vagner Love e Bruno é: O Flamengo não sabe ou...finge não ver o que se passa com seus atletas?

Os três acima citados são ídolos da torcida rubro-negra, profundamente ligados à imagem do clube e com salários caríssimos enquanto atletas do clube. São portanto referências para os sonhos de milhares de jovens que buscam encontrar no futebol uma ponte para tirá-los da linha de pobreza.

Fazer vistas grossas ao comportamento dos seus atletas beneficia quem ?

Qual o impacto das ações ou envolvimento desses "ídolos" com o crime organizado na vida dos jovens torcedores ou mesmo dos atletas das divisões de base?

Qual a referência que fica para essa juventude?

Não se pode chegar à leviandade de afirmar que o Flamengo tenha ligações com o crime organizado do Rio de Janeiro mas, o que incomoda é a omissão total da diretoria em relação à presença de seus atletas nos noticiários policiais,como se isso fosse algo absolutamente normal e aceitável. Parece haver uma certa conivência com o que hoje se considera um "patrimônio" do clube e o evitar desvalorizar o seu investimento.

Quanto à nossa juventude, vai aqui um alerta deste quase anônimo escritor:

Cuidado com os ídolos que escolhem e admiram...aprendam a separar o homem do mito. Aprendam com os erros dos outros sem a necessidade de reproduzí-los.

Como já dizia o apóstolo Paulo: "Examinai tudo e retende o que há de bom"

Quanto ao que não presta, delete de seus sonhos.