O POETA DEVE SER POLIGLOTA EM POESIA.

Amigos recantistas! Estava lendo poemas novos de um poeta da internet, que já publicava na internet, lá pelos idos de 1997, quando dos meus primeiros suspiros por este mundo outro, cheio de possibilidades de contatos e amizades com inúmeros escritores e pensei comigo: ele ainda hoje, 13 anos depois, possui a mesma forma de composição, a mesma temática para com seus versos; pouco ou quase nada de inovação nestes anos todos e escrevendo regularmente.

A Literatura poética é um estágio a cada momento de nossa vida. Observo que alguns escritores linearmente (quase estáticos) se constroem como artificies da palavra. Vão no mesmo diapasão faça chuva ou faça sol, apenas se muda o humor: horas alegres (- eu te amo!), horas indiferentes (- hoje, eu não amo.) e horas tristes (- Eu te amei, tanto!). Sempre na mesma construção/composição literária, não se sabendo distinguir o começo, o meio e o agora das suas jornadas poéticas. O estudo da Literatura poética, o experimento, as novas temáticas se fazem ausentes neles. Por exemplo: o tema AMOR se coloca no papel e parece ser uma corrida incontrolável, onde uma máquina a 300 KM por hora não consegue frear, para refrescar o pensamento, para sedimentar novas terras, para mudar a direção dos ventos e o novo florescer.

O que é a Literatura senão a criação? A criação sempre! O não repetir da mesma curva e o não contentamento em dizer o mesmo da mesma forma sempre.

Hoje podemos inovar o poema a cada novo poema. Quantas maneiras de dizer o que só se dizia de uma forma sempre precisa, através da métrica (ex:. verso setissílabo ou redondilha maior - verso com 7 (sete) sílabas poéticas, verso decassílabo - verso com 10 (dez) sílabas poéticas, etc.) , do ritmo marcado pelas sílabas poéticas fortes em determinadas sílabas tônicas do verso (ex.: verso decassílabo heroico, com a 6ª e 10ª sílaba poética fortes, etc.) e da rima consoante (somente, mente, semente, aparente), e muitas vezes, seguindo modelos clássicos pré-determinados: soneto, ode, vilancete, etc.

O tempo mudou e ampliou a Literatura Poética. O mundo moderno introduziu o verso livre (verso sem métrica e ritmo clássicos), popularizou o verso branco (verso sem rima - verso sem preocupação de rimar com outro verso do poema), a liberdade de colocar as palavras em espaços inimagináveis do papel, a rima toante (escola, namora, desloca, prova - pouco utilizada durante o Parnasianismo e Simbolismo), a onomatopeia, surgiu a poesia concreta, etc.

Por que não sermos diversos poetas em um só poeta? Por que o mecanicismo do tema, da forma e com mesmo público leitor com reações próximas em todo poema escrito?

Inovar sempre, leitores queridos! Esta deveria, penso eu, ser nossa meta, nossa luta diária neste universo que amamos: a POESIA!

Estudar a Poesia e todas as suas possibilidades de criação clássicas e modernas, torna-se urgente, penso eu, para que possamos ir além de nossa inicial fase onde o impulso poético primeiro levou-nos a colocar no papel, em muitos de nós aconteceu assim, versos com rimas irregulares vindas d´alma em momento de inspiração.

Será que este impulso primeiro é a única resposta que daremos ao nosso Dom de poetizar?

Eu queria ver os poetas desenvolvendo suas literaturas diariamente, aprimorando seus estudos sobre as técnicas de realização poética clássicas e modernas, com a leitura incansável e interpretação dos grandes mestres da Poesia e apreço para com o melhor utilizar de nossa Língua Portuguesa; além é claro de uma capacidade, a cada dia mais crescente, de comunicação com nosso leitor. (Não se faz Arte sem a capacidade de comunicação e interação com quem nos lê, vê, ouve, assiste e sente, não nos esqueçamos disto).

Lutemos pelo aprimoramento de todos os poetas, lutemos por nosso crescimento como escritor e pela nossa independência literária (alcançaremos ela através do conhecimento e da realização plurais de poemas com o emprego de diferentes técnicas e temáticas). A maior diversidade na nossa Poesia é a certeza de que estamos em busca do aprender, em busca de sermos, como são os poliglotas: conhecedores de diferentes línguas, POLIGLOTAS EM POESIA, ou seja: conhecedores das diferentes linguagens poéticas (clássicas e modernas) possíveis e capazes de empregá-las conforme o momento nos inspirar e/ou pedir. Tornaremos assim, com cada poeta dando a sua contribuição na divulgação de conhecimentos e exercitando diversificada criação, o universo da Poesia cada dia mais valioso, diversificado e com a possibilidade de ampliação dos seus tentáculos, pelo valor de nossos poemas!; poemas capazes de emocionar e de causar surpresas naqueles que contato tiverem com a Literatura Poética!

Se nas profissões buscamos profissionais cada vez mais conhecedores do seu ofício e atualizados, capazes de enfrentar com sucesso as situações de trabalho apresentadas, por que nós poetas devemos nos afastar de objetivos semelhantes, em busca de valorizar nossa ferramenta de trabalho? Mesmo sendo uma ferramenta de trabalho que incorpora o subjetivismo, os sentimentos humanos, que não trabalha apenas com a racionalidade e os resultados práticos merecemos dar à Poesia o melhor de nós e valorizar os conhecimentos, acumulados por séculos, através de conceitos poéticos criados por poetas e/ou suas escolas literárias, não é verdade, pessoal?

Ir além, sempre, poetas! É dar o fôlego necessário para a Poesia encontrar o respeito de um número cada dia maior de leitores e tornar possível, no mercado literário, o crescimento dos livros de Poesia, com merecimento de serem publicados, pela qualidade dos nossos poetas!

Abraços e beijos, bom final de semana, Alexandre!