Timidez
Certa vez me perguntaram se eu concordava que timidez poderia ser um sofrimento para quem a tem. Não acho que poderia, acho que é. E que sofrimento!!!!! Todos temos nosso período de timidez na vida. Geralmente é antes de conhecer melhor o mundo. Melhorei muito com o passar dos anos, mas não cheguei, como um orador, ao ponto de encarar uma platéia. Entrar numa sala de aulas com todos os alunos desconhecidos já é problema. Se há um conhecido é o suficiente para dar segurança. Escrevendo vou longe, falando não chego nem na esquina. Conformei-me quando notei que a maioria das pessoas tem alguma forma de timidez, mesmo parecendo extrovertido. Dou aulas de artes plásticas e alunos extrovertidos ficam petrificados diante de um pincel e tinta. Medo, vergonha, insegurança, mas, no fundo mesmo, é timidez.
Fiz um balanço do quanto esse sentimento ou característica interfere na vida de uma pessoa. Na infância impede que uma criança brinque com outras, se houver adulto por perto. Na adolescência atrapalha todos os namoricos ou flertes onde precisa encarar o “objeto” interessado. Sem se falar que a vergonha de se destacar impede de dar respostas prontas nas questões dos professores, tendo, por isso, uma avaliação prejudicada.
Na fase de arranjar emprego é agonia sem fim. Uma entrevista se transforma num tormento do inferno, não só a expectativa, como a entrevista, em si. O início de trabalho, cheio de colegas desconhecidos é sensação de fracasso iminente.
Parece que quem nasceu tímido não tem salvação. Penso diferente. As crianças têm que viver no meio de muita gente desde a mais tenra idade e sentir que são seus semelhantes. Os erros de um ou de outro vão dando segurança a cada um deles para se sentirem aptos a agir quando as mesmas situações se apresentarem a ela. Só o aprendizado do que seja viver em sociedade fará com que o tímido veja o mundo ao seu redor côo se estivesse em casa.
Afinal, nenhum tímido é assim dentro de sua própria concha.