Lençol plissado.

O sol já havia baixado quando o vento frio me fez lembrar que era inverno.

Um bando de andorinhas cruza o céu. Segui-as com o olhar e pude vê-las se aninhando em árvores no calçadão da praia.

A maré está alta. Ondas minúsculas emprestavam ao mar o aspecto de lençol plissado.

Sorri ao me dar conta que hoje nem todos sabem o que significa plissado, e esse pensamento me fez voltar no tempo.

Não agüento ficar pensando no que poderia ter sido e não foi ou no que deu errado na sua vida e que eu só percebi anos, muitos anos depois.

Desfoquei de você o meu pensamento. Escolhi prestar atenção no que vivo nesse momento.

A cidade mudou, as pessoas mudaram, eu já não vou aos mesmos lugares...

Você está tão longe que certamente não é mais atingido pelos mesmos males.

Ora, eu preciso olhar ao meu redor e pra fora de mim, já que não posso mudar nem o passado nem o seu destino.

Diminuo o passo e me sento em um banco. Espero que novas cenas preencham o meu branco interno.

Olhando as areias reflito: com elas acontece o mesmo por eras: ondas as visitam, as levam, as trazem...

Meus pensamentos são como as areias do mar; nesse ir e vir...

Caminho a passos lentos até em casa.

Logo o céu estará estrelado.

A lua é minguante.

Após contemplar o céu, lua e estrelas, eu me recolho e espero não sonhar os mesmos sonhos...

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 10/07/2010
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