HOMEM DAS BOTAS E O CÔNSUL DESOBEDIENTE

Embora fosse mais novo vamos falar primeiro do Homem das Botas. Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, Santa Comba Dão, 28 de Abril de 1889 vindo a falecer em Lisboa a 27 de Julho de 1970. Foi um estadista, político português e professor catedrático da Universidade de Coimbra. Mas o facto que mais o notabilizou, foi ter exercido, de forma autoritária e em ditadura, o poder político em Portugal entre 1932 e 1968. Apoia-se na doutrina social da Igreja Católica, Salazar orienta-se para um corporativismo de Estado autoritário, com uma linha de acção económica nacionalista assente no ideal da autarcia, que o levou a tomar medidas de proteccionismo e isolacionismo de natureza fiscal, tarifária, alfandegária, para Portugal e suas Colónias da altura. Fez a escola primária aos 11 anos e ingressou no Seminário de Viseu E depois de acabar os estudos resolveu seguir Direito em Coimbra. Dada a sua elevada nota de Curso, foi convidado a assumir a presidência da cadeira de Economia Política e Finanças em 1917. Foi eleito deputado por Guimarães ao Parlamento. Mas por desinteresse regressou à Universidade três dias depois. Tendo uma habilidosa fase pró-monárquica, para seu proveito político. Que logo foi demarcada no congresso de 1922 do Centro Católico, ganha a tese que o Cento deveria aceitar o regime republicano. Mesmo quando já estava no poder impediu que oficiais monárquicos fossem reintegrados. Mesmos os bens nacionalizados à Igreja, reivindicados por esta são rejeitados. Adopta um regime de separação de poderes entre o Estado e a Igreja. Mais tarde tudo fica definido pela Concordata entre a Santa Sé e Portugal, em 1940. Quanto ao cônsul desobediente. Aristides de Sousa Mendes nasceu em Cabanas de Viriato a 19 de Julho de 1885 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 1954. Seguiu a carreira diplomática portuguesa. Sendo neste caso quando era Cônsul de Portugal em Bordéus no ano da invasão da França pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial, quando se distinguiu mais na sua carreira. Baptizado Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches numa pequena aldeia do concelho do Carregal do Sal, no sul do distrito de Viseu. Aristides pertenceu a uma família aristocrática rural, católica, conservadora e monárquica. Seu pai era membro do supremo tribunal. Pelo lado materno era descendente de D. Fernando de Almada 2º Conde de Abranches. Tendo ainda sangue judaico pelo lado familiar "Sousa". Licenciou-se em Direito em Coimbra e instalou-se em Lisboa em 1907. Enveredou pela carreira diplomática. Em 1929 foi nomeado Cônsul-geral em Antuérpia, cargo que ocupa até 1938. O seu empenho na promoção da imagem de Portugal não passa despercebido. Tendo recebido por isso várias condecorações e feito amizade com figuras de grande valor na época. Esteve em diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora, entre elas: Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América. Salazar, presidente do Conselho de Ministros e ministro dos negócios estrangeiros, nomeia Sousa Mendes cônsul em Bordéus. Isto depois de 10 anos de brilhantes serviços na Bélgica Com o início da Segunda Guerra Mundial, e as tropas de Adolfo Hitler avançando rapidamente sobre a França. Salazar manteve a neutralidade de Portugal. Aristides de Sousa Mendes permanece ainda como cônsul de Bordéus. Salazar ordena aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo( Circular 14) que recusem a conferir vistos às seguintes categorias de pessoas: "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos". Em 1940, o governo francês mudou-se para a cidade, saindo de Paris antes do assalto Alemão. Isto provocou, que milhares de refugiados se dirigissem para Bordéus, para conseguirem visto de entrado em Portugal ou Estados Unidos. A 16 de Junho de 1940, o Cônsul Desobediente, tomou a decisão de dar vistos a todos que solicitassem não existindo nacionalidades, raça ou religião. Dado que Salazar teve conhecimento do que se passava. Tomou medidas contra o Cônsul Desobediente, mas esta contra tudo e contra todos mudou-se para Baiona (França) de 20 a 23 de Junho e levou até ao fim a tarefa que se tinha proposto a fazer. Salazar demitiu-o a 23 de Junho. Para terminar ainda liderou uma coluna de veículos até a fronteira Espanhola e persuadiu os guardas a deixa-los passar. No mesmo dia de hoje em que escrevo, 8 de Julho de 1940 regressou a Portugal. Foi reformado compulsivamente passado um ano. Sendo-lhe reduzido para metade o vencimento. Tira-lhe a licença de profissional de Direito. Nem taxista podia ser pois foi-lhe retirada a licença de condução. Com a hipocrisia de um homem que não devia usar Botas. Felicitou-o em nome de Portugal. Recusando tudo a que tinha direito. O Cônsul Desobediente mas não arrependido de salvar tantos seres Humanos, faleceu a 3 de Abril de 1954 muito pobre num hospital Franciscano. E foi a enterrar com um Hábito Franciscano. Talvez não tivesse mais nada para vestir.

Bem-haja

Zé Ernesto Gaia »»»»»» MOTOR DE BUSCA GOOGLE

Zé Ernesto Gaia
Enviado por Zé Ernesto Gaia em 10/07/2010
Código do texto: T2368864
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.