CASO ELISA. A MÃO DE DEUS.

Os desígnios de Deus são insondáveis; é axiomático. Do mesmo cérebro que partiu a origem do ato criminoso em concurso de vontades, determinante da extinção de uma vida, isocronicamente, surgiu a clemência em relação à vida que originou a morte. O concebido rejeitado, ainda não definida a paternidade, obteve a clemência de quem seria seu pai, a lembrar o direito de vida e morte do "pater familia" romano.

O mesmo embrião de toda essa desastrosa tragédia, que se resolveria com mísera pensão diante da desproporção entre causa e efeito, nascimento e morte, obtém do algoz de sua mãe a benesse da vida recusada e contestada.

Onde estaria a razão que desemboca em antítese e contradição?

Na dupla face da vida, maniqueísta a toda prova, onde no embate do bem com o mal este sempre supera em números. Ainda assim podemos notar acontecimentos paradoxais que devem e podem levar à meditação de fundamentos maiores.

Uma vida que deu causa à morte poupada. A razão da morte preservada. Por quê?

Quando nascemos, surgimos como a inocente criança marcada para sofrer por ser ponto do conflito que levou ao crime. Chegados a este plano terrestre, pela consciência, temos os caminhos apontados pelos ensinamentos do fabuloso ser humano que foi Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Deus feito Homem como nós.

Assinalou o "Primeiro Motor", o "Actus Purus", para figurar nos tempos pela Nova Aliança, enquanto nossa espécie existir, que somos irmãos e pelo arbítrio dois caminhos podem obter anuência, opção pela consciência no ato de vontade quando surgida a responsabilidade e apagada a inocência.

Neste triste episódio, onde requintes de crueldade surgirão pontuados e definidos na instrução processual, de modo a mostrar mais uma vez à sociedade a cessação dos vestígios de humanidade mínimos, podemos ver, também, um paralelo ao ato extremo que estabelece antagonismo, um resto de civilidade; a clemência para quem foi a origem de tudo, o polo concentrador da desgraça. Foi poupado.

Por quê?

A presença de Deus se mostra forte em casos de comoção pública, há uma pausa de toda a sociedade, os personagens envolvidos pela fama sustam os andamentos curriculares. Os olhares focam o extremismo que surpreende, mais ainda se egresso de um ídolo de quem só são esperados exemplos positivos. Esse enquadramento não é didática terrena. Não existe escola para a antítese na lógica comum, nem prosélitos do paradoxo para conviverem num só ato o bem e o mal; por razoabilidade comezinha são excludentes.

Clara está a presença de Deus, uma outra escola, uma pedagogia que ascende a advertir que por mais hediondo seja um ato dessa natureza, no fundo do coração humano carregado de rancor e ódio, crueldade e vingança máximas, insensibilidade e rudeza, ainda resta no gigantesco desamor, amargo e féleo, uma gota de benevolência.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/07/2010
Reeditado em 09/07/2010
Código do texto: T2368367
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